De acordo com familiares, Michele e o ex-marido ficaram juntos por 11 anos. O casal teve três filhos.
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(UOL/FOLHAPRESS) - Amigos e familiares de Michele da Conceição Alexandrino Leite, 27, não conseguem aceitar a morte da jovem. A diarista foi atingida por 27 facadas dentro de casa, na tarde de sexta-feira (23), na comunidade do Fallet-Fogueteiro, no Rio de Janeiro. O principal suspeito é o ex-marido, Pablo Souza da Silva, procurado pela polícia e considerado foragido.
Mesmo com medida protetiva, o homem continuava ameaçando a vítima. Uma amiga de Michele, que pediu para não ser identificada por medo, contou à reportagem, que o rapaz não aceitava o fim do relacionamento.
"Tudo começou depois que ela mexeu no celular dele e descobriu uma traição. Ela me ligou e disse que ia terminar. Isso no início desse mês. A partir daí, era sempre briga, ela procurava lugares para se mudar, ele seguia ela, ia atrás", afirmou ela.
"Em questão de um mês, a minha amiga sofreu ainda mais e perdeu a vida. Eu disse pra ela que daria todo o apoio, mas não consegui salvar minha amiga", acrescentou ela, emocionada.
De acordo com familiares, Michele e o ex-marido ficaram juntos por 11 anos. O casal teve três filhos.
"Ele já possuía um histórico violento. Há uns anos ele chegou a bater nela. Ela pediu a medida protetiva, mas ele pediu desculpas e, por estarem juntos há muitos anos, com filhos, ela acabou perdoando. Mais pelas crianças do que por ela", afirma a amiga.
O enterro da diarista aconteceu no domingo (25), sob muita comoção. Parentes e pessoas próximas levaram cartazes pedindo por Justiça.
A Polícia Civil faz diligências nesta terça (27) para tentar localizar o suspeito. Ele já é considerado foragido.
A reportagem apurou que o homem possui passagens pela polícia por tráfico e uso de drogas.
"Eu perdi uma irmã da pior maneira possível. Eu não consigo descrever a dor que eu estou sentindo e a raiva que eu tenho desse covarde. Ela era uma pessoa linda, batalhadora, ela amava tanto os filhos. Eu tinha a companhia dela desde pequena, não sei como vai ser agora. A dor é absurda", disse a amiga da vítima.
AUMENTO DE FEMINICÍDIOS
Em seis meses o crime de feminicídio teve um aumento de quase 19% no Estado do Rio de Janeiro, em comparação com o mesmo período do ano passado.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a junho deste ano foram 57 mulheres mortas. Em 2021, no primeiro semestre, foram 48 casos.
As tentativas de feminicídio também tiveram um aumento nesse mesmo período. Em 2021, de janeiro a junho, foram 128 casos. Neste ano, foram 143.
EM CASO DE VIOLÊNCIA, DENUNCIE
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 - Central de Atendimento à Mulher - e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
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