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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Meteram a faca nas minhas costas, diz Ciro sobre aliança de irmãos com PT

"Eu dei minha vida ao povo cearense e algumas lideranças, todas que ajudei a formar, se reuniram e meteram a faca nas minhas costas", disse Ciro Gomes em entrevista ao Flow Podcast, na segunda-feira (26).

© Getty

(FOLHAPRESS) - O rompimento entre PT e PDT no Ceará abalou a relação entre os irmãos Ciro Gomes, Cid e Ivo Ferreira Gomes, que nos últimos anos ditaram os rumos políticos no estado.

Ciro Gomes, que disse ter sido traído por aliados, evitou visitar o Ceará durante sua campanha para presidente.

"Eu dei minha vida ao povo cearense e algumas lideranças, todas que ajudei a formar, se reuniram e meteram a faca nas minhas costas", disse Ciro Gomes em entrevista ao Flow Podcast, na segunda-feira (26).

Nesta terça (27), em entrevista à TV Record, Ciro afirmou que "a facada ainda está doendo aqui". "A ferida está aberta, está sangrando neste momento. Sabe por quê? Eu dei minha vida inteira ao povo do Ceará. E tive de volta do povo do Ceará honras e privilégios que hoje me permitem dizer 'Ceará, cearense, façam o que você quiser de mim'", afirmou.

Ciro confirmou que não fez campanha no estado por causa do atrito com os irmãos. "Está doendo."

A indicação do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio como candidato do PDT ao governo, em detrimento à governadora Izolda Cela (sem partido), fez o PT desembarcar de uma aliança que durava 16 anos e dividiu os irmãos.

Ciro sempre defendeu a indicação de Roberto Cláudio, enquanto o senador Cid Gomes (PDT) e Ivo Gomes (PDT), prefeito de Sobral, preferiam a manutenção da aliança com Izolda como candidata com apoio do ex-governador petista Camilo Santana, que concorre a uma cadeira no Senado. Sem acordo, o PT lançou o deputado estadual Elmano de Freitas ao governo.

Na pesquisa Ipec para governador do Ceará mais recente, encomendada pela TV Verdes Mares em 22 de setembro, Elmano de Freitas apareceu com 30% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Capitão Wagner (União Brasil), que tem 29% (a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos). Roberto Cláudio está em terceiro, com 22%.

Cid e Ivo Gomes têm pedido em suas redes sociais voto a Ciro Gomes para presidente, mas não declararam apoio a Roberto Cláudio. Na semana passada, Camilo Santana foi a Sobral e Cid e Ivo estiveram com ele publicamente –ambos posaram para foto com adesivo colado na camisa com o número de urna de Camilo.

Para o Senado, o PDT tem em sua chapa a deputada estadual Érika Amorim (PSD). "Me sinto meio que patrono dessa aliança [PT e PDT]. Por razões alheias, contra minha vontade, se desfez. Mas tenho a esperança de que essa relação possa ser reatada no segundo turno e, para que isso aconteça, vou me preservar no primeiro turno, para ser o cupido da renovação dessa aliança no segundo turno", disse Cid Gomes no início de setembro.

Ao perder para Roberto Cláudio a indicação para tentar a reeleição, a governadora Izolda Cela deixou o PDT, mas nas primeiras semanas de campanha se manteve neutra. Isso acabou nesta segunda-feira (26), quando ela gravou um vídeo em que declarou apoio a Elmano de Freitas.

Cela citou Cid Gomes, lembrando que foi secretária de Educação entre 2007 e 2014, quando o atual senador foi governador. No fim de julho, Lula esteve no Ceará para o lançamento das candidaturas de Elmano e Camilo e se reuniu com Cela para conversar sobre educação.

Ao Flow Podcast Ciro disse que teria sido traído por dinheiro. O PDT acusa o governo estadual de ter direcionado verba a algumas prefeituras para ganhar apoio, o que Izolda Cela nega. No início de setembro, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará suspendeu repasse de dinheiro do governo cearense às prefeituras até o fim da eleição.

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