O Julia está sobre a costa de El Salvador em direção à Guatemala, com ventos que não passam de 56 km/h.
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Moradores da cidade de Las Tejerías, na Venezuela, passaram esta segunda-feira (10) na expectativa dos trabalhos de equipes de resgate, que buscam mais de 50 pessoas desaparecidas desde a noite de sábado (8), quando inundações e um grande deslizamento de terra atingiram a região.
O número de mortos chegou a 36, segundo o ministro do Interior, Remigio Ceballos, que coordena as operações locais em nome do regime. A cifra de desaparecidos também aumentou em relação ao que havia sido registrado no domingo, passando a 56.
As chuvas na noite de sábado varreram rochas nas encostas, fizeram ao menos cinco rios transbordarem e arrancaram grandes árvores na região de Las Tejerías, a pouco mais de 50 km de Caracas.
O ditador Nicolás Maduro decretou três dias de luto no país e declarou a área uma zona de desastre. Agências de notícias descrevem a situação no local como apocalíptica, com casas destruídas ou tomadas por lama, troncos gigantescos bloqueando vias e carros arrastados pela correnteza. As águas atingiram alturas de até 6 metros.
De pé em frente ao que era seu sobrado, Jennifer Galíndez, 46, esperava notícias do marido, uma das pessoas dadas como desaparecidas. Entre as vítimas já conhecidas das inundações está sua neta, que ainda não tinha completado dois anos.
"Não consigo, porque fecho os olhos e é isso que vejo. Minha neta, onde a coloquei. Deixei-a lá [sobre o sofá] e não consegui tirá-la", conta. "Meu marido estava na janela. Eu não pude ajudá-lo, a água o levou embora." Segundo ela, José Segovia, 55, sofre de diabetes grave.
Casas, lojas e outras instalações da cidade ficaram parcial ou totalmente cheias de lama e detritos carregados pela água. Pela conta oficial, 317 residências foram totalmente destruídas e 757, afetadas pelo deslizamento. A região continua sem eletricidade ou fornecimento de água potável.
Nesta segunda-feira, ao menos, o sol brilhava após vários dias de chuva, auxiliando o trabalho de tratores que limpavam as vias. De acordo com Ceballos, choveu em cerca de oito horas o que seria esperado para um mês, em média.
Ao menos 1.200 agentes participam das operações de resgate, auxiliados por moradores com picaretas, pás ou o que quer que encontrem. Os trabalhos não pararam durante a noite, contando com a ajuda de cães e drones.
Outras 13 pessoas já haviam morrido em diferentes regiões do país também em decorrência de chuvas. A temporada atípica e extrema foi agravada pelo fenômeno La Niña, por ondas tropicais e pelos efeitos da passagem do furacão Julia.
Nos últimos dias, o fenômeno deixou 16 mortos entre Panamá, El Salvador e Honduras antes de ser rebaixado à condição de ciclone tropical –ainda assim, nas águas do oceano Pacífico, ele tem provocado chuvas fortes em uma faixa da América Central ao sul do México.
Nesta segunda, autoridades salvadorenhas reportaram a morte de nove pessoas, incluindo cinco militares –830 tiveram de deixar suas casas. Em Honduras, cinco vítimas foram confirmadas, incluindo uma jovem e um garoto de quatro anos, que morreram afogados após o barco em que estavam virar no mar próximo à fronteira com a Nicarágua, no sábado. No Panamá foram duas vítimas.
Mais de 1 milhão de nicaraguenses ficaram sem eletricidade, depois que o regime decidiu interromper o fornecimento de energia por questões de segurança. Ao todo, 13 mil famílias tiveram de sair de casa.
O Julia está sobre a costa de El Salvador em direção à Guatemala, com ventos que não passam de 56 km/h. A avaliação dos meteorologistas é de que, embora esteja perdendo força, o fenômeno ainda representa uma ameaça, com chuvas fortes previstas.
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