"Quem tiver mais voto leva", disse o candidato à reeleição à apresentadora Renata Lo Prete, no Jornal da Globo, após debate com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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TAYGUARA RIBEIRO (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na noite desta sexta-feira (28) que irá aceitar o resultado das eleições, mesmo que ele não seja o mais votado.
"Quem tiver mais voto leva", disse o candidato à reeleição à apresentadora Renata Lo Prete, no Jornal da Globo, após debate com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro foi questionado sobre uma declaração que deu na quarta (27) após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se negar a investigar as suspeitas levantadas por sua campanha sobre inserções em rádios. Na ocasião, o presidente afirmou que o candidato que tivesse mais votos deveria assumir o cargo.
Nesta sexta, após insistência da jornalista, o candidato à reeleição garantiu que respeitará a decisão das urnas no domingo (30), sem nenhum condicionante.
Na saída do debate, ao ser questionado se sustentava a declaração dada dias antes sobre aceitar o resultado, disse apenas "sustento", e começou a pedir votos.
A jornalista, então, pediu uma resposta mais direta. "Só para tirar a limpo, de uma vez por todas, candidato", questionou Lo Prete. "Suas palavras significam que o senhor respeitará o resultado, seja ele favorável ao senhor ou adverso ao senhor?".
"Não há a menor dúvida. Quem tiver mais voto leva. É isso que é democracia".
Em vários momentos ao logo da campanha, e mesmo antes dela, Bolsonaro afirmou que só aceitaria o resultado se considerasse que as eleições foram limpas.
Minutos depois da declaração no Jornal da Globo, Bolsonaro afirmou que já fez tudo que estava ao seu alcance em relação à campanha eleitoral. "Agora é com vocês. Fui no meu limite."
A frase ocorreu durante uma live, após o debate. A transmissão foi realizada dentro do carro, quando o atual presidente havia acabado de sair do programa, na Rede Globo.
Ele voltou a levantar a tese de manipulação das inserções de rádio e disse que estão todos contra ele, incluindo imprensa e institutos de pesquisa. O presidente também pediu votos para os candidatos a governador que estão no segundo turno e são seus aliados.
"Como diz uma passagem bíblica, né. Faça tudo o que você puder fazer, quando não der mais você entrega na mão de Deus", disse Bolsonaro.
Também em entrevista ao Jornal da Globo, Lula afirmou que as eleições são para "garantir o regime democrático".
"As eleições não são para mim, para o meu adversário, é para garantir o regime democrático neste país e a melhoria da qualidade de vida das pessoas."
Questionado sobre o debate, o petista criticou a atuação do oponente e afirmou que Bolsonaro é "um samba de uma nota só", que não tem muito argumento e "não quer discutir programa [de governo]".
Bolsonaro costuma contestar o sistema eleitoral e fazer ataques sem provas às urnas eletrônicas.
No Brasil, nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996.
Ao votar no dia 2 de outubro, no primeiro turno, Bolsonaro não respondeu se aceitaria os resultados das eleições. "Com eleições limpas, sem problema nenhum, que vença o melhor", disse, antes de votar.
No último dia 5, o presidente questionou a apuração dos votos registrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no primeiro turno das eleições, em que acabou com 43,20% contra 48,43% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na ocasião, o mandatário comparou a apuração do dia 2 com a das eleições de 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) se reelegeu por uma pequena margem de votos. Bolsonaro afirma que o atual deputado Aécio Neves (PSDB-MG) venceu o pleito, tese já rechaçada pelo próprio tucano.
Bolsonaro já afirmou em outras oportunidades que a alegada fraude no pleito de 2014 está comprovada pelo fato de Aécio e Dilma terem aparecido intercalados na liderança de votos recebidos por mais de 200 minutos. Na teoria propagada pelo presidente e que já foi desmentida pelo TSE, esse tipo de padrão matemático não poderia ocorrer de forma espontânea.
Em discurso no dia 11, em Pelotas (RS), o presidente voltou ao tom de desconfiança em relação ao resultado das urnas no próximo dia 30 e de inconformidade em caso de vitória do adversário.
Próximo ao final de sua fala, em tom golpista, Bolsonaro convocou os eleitores a "permanecerem na região" das seções até o resultado da apuração. "No próximo dia 30, de verde e amarelo, vamos votar. E mais do que isso. Vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração do resultado", disse o presidente.
Em seguida, Bolsonaro levantou suspeitas sobre a votação de Lula, à frente no primeiro turno. "Tenho certeza que o resultado será aquele que todos nós esperamos. Até porque o outro lado não consegue reunir ninguém. Todos nós desconfiamos. Como pode aquele cara [Lula] ter tantos votos se o povo não está ao lado do mesmo?", declarou.
No ano passado, veio a mais forte ameaça golpista ligada ao tema. Em conversa com apoiadores, Bolsonaro disse que "a fraude está no TSE" e ainda atacou o então presidente da corte eleitoral e ministro do STF, Luís Roberto Barroso, a quem chamou de "idiota" e "imbecil".
"Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos eleição no ano que vem", disse.
A fala ocorreu após uma sequência. No dia anterior, também ao falar com apoiadores, o mandatário fez outra ameaça semelhante: "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".
Já neste ano Bolsonaro fez uma apresentação a dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para repetir teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditar o sistema eleitoral, promover novas ameaças golpistas e atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
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