O País tem sido alvo de pressão internacional para conter a recente escalada de destruição da Amazônia, maior floresta tropical do mundo
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Em 2021, o Brasil despejou na atmosfera 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 equivalente - uma forma de mensurar todos os gases estufa em uma mesma medida. O último aumento dessa monta foi em 2003, quando os dados de desmate bateram o recorde histórico. As emissões de gases estufa subiram 20% naquele ano, conforme o Observatório, que reúne mais de 50 organizações da sociedade civil.
Em novembro de 2021, em Glasgow (Escócia), durante a última Cúpula do Clima, a COP-26, o governo federal se comprometeu a cortar 50% das emissões até 2030, mas avançou pouco no cumprimento dessa meta. A próxima conferência das Nações Unidas sobre o tema será realizada a partir da próxima semana em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Isolamento
No mandato de Jair Bolsonaro (PL), o Brasil se isolou nas discussões sobre aquecimento global, ao negar a dimensão do problema na Amazônia e fragilizar órgãos de combate a crimes ambientais, como o Ibama e o ICMBio. Agora, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a comunidade internacional aguarda a retomada de uma agenda alinhada aos esforços de frear a devastação do bioma.
Nem a retomada da economia após o controle da pandemia de covid-19 pode explicar o aumento. Em 2020, na contramão do planeta, que diminuiu em cerca de 7% as emissões, o Brasil viu seus dados crescerem 9,5%. A alta no desmatamento foi a causa desse resultado.
No ano passado, as emissões decorrentes das mudanças do uso do solo e das florestas, novamente protagonizaram o avanço com alta de 18,5% ante 2020, na esteira de mais um ano de aumento nas taxas de desmate da Amazônia e de outros biomas, como o Cerrado.
Do total de 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 equivalente, o desmatamento foi responsável por 1,19 bilhão de toneladas. Para se ter uma ideia do que isso representa: é um valor maior do que todas as emissões do Japão.
Na agropecuária, setor que costuma ter flutuações pequenas nos resultados de emissões brasileiras, o aumento foi de 3,8%. Um dos motores da economia nacional, o segmento teve as maiores emissões da série histórica: 601 milhões de toneladas, ante 579 milhões em 2020. Se fosse um país, o setor do agro brasileiro seria o 16.º maior emissor da Terra, à frente, por exemplo, da África do Sul.
A pecuária puxa essa fila com as emissões de metano. Essa é a principal fonte do setor, com 79,4% das emissões, processo reforçado pelo aumento expressivo do rebanho bovino em 2021, de 3,1% (seis vezes mais que a média dos últimos 18 anos).
A alta nas emissões de metano foi um dos destaques dos alertas feitos pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a piora do aquecimento global. Na agricultura, pesaram ainda a alta no consumo de fertilizantes nitrogenados (13,8%) e o volume de calcário nas lavouras, que subiu 20%.
Outro setor que teve sensível aumento de emissões no Brasil foi o de energia. Em 2021, o País emitiu 435 milhões de toneladas de CO2 equivalente ante 387 milhões em 2020. Esse resultado, a maior alta de emissões em quase 50 anos, vem na esteira do acionamento das termoelétricas com a crise hídrica de 2021, a pior em 90 anos na região centro-sul do País. Também resultado da crise hídrica, a safra de cana caiu, o que gerou menor participação de biocombustível nos transportes.
No setor de processos industriais e uso de produtos o avanço foi de 8,2%; e de 12,2% no setor de energia, a maior alta desde a época que ficou conhecida como "milagre econômico" durante a ditadura militar, nos anos 1970. 1973. O setor de resíduos foi o único com emissões estáveis.
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