O parlamentar alegou que tinha ido ao Qatar a trabalho, mas foi desmentido pela Câmara dos Deputados
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SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, assistiu ao jogo entre Brasil e Suíça, na segunda-feira (28), pela Copa do Mundo, no setor VIP do estádio 974 em Doha. O setor é apenas para convidados e tem um buffet de luxo que inclui comida 'gourmet' e bebidas alcoólicas variadas. O grupo de amigos do parlamentar chamava a atenção dos presentes pela animação e pelo consumo de bebidas.
A viagem de Eduardo tem causado controvérsia no Brasil porque apoiadores de seu pai estão acampados na frente de quartéis em movimento golpista para reverter o resultado da eleição presidencial.
A reportagem ouviu o relato de cinco pessoas que viram Eduardo Bolsonaro no setor VIP e observaram seu comportamento. O local só pode ser acessado por convite, sem venda de ingresso. A maioria é convidada da Fifa ou de governos. A embaixada brasileira em Doha informou não ter participação na viagem do deputado ao Qatar.
A informação obtida pela reportagem é de que um brasileiro representante da Harley-Davidson no Qatar, próximo do emir Tamin Bin Hama al-Thani, arrumou os acessos para o deputado e seu grupo.
O grupo que acompanhava Eduardo Bolsonaro tinha o um jornalista da Jovem Pan acompanhado da namorada e o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. Ele é amigo do deputado federal, e sentou-se ao lado dele na tribuna. A esposa de Eduardo, Heloisa, também estava presente.
O grupo foi visto na fila de bebidas alcoólicas bem animado, com um comportamento espalhafatoso e aos gritos. Ao contrário do restante dos estádios, as áreas VIP da Fifa têm álcool liberado. Pelo menos duas pessoas presentes disseram que o grupo do filho do presidente chamava a atenção no local pelo alto consumo de bebidas. Nenhum dos presentes soube dizer se Eduardo também ingeriu álcool no local.
Para a tribuna, pessoas que estavam com Eduardo Bolsonaro levaram copos grandes e cheios de vinho. O grupo chegou a derramar bebida em outros convidados que estavam à frente, causando certo desconforto.
No buffet, havia massa e carne. O cardápio também tinha pratos como camarões grelhados ao molho cremoso de páprica e torta de chocolate para a sobremesa. Uma das pessoas presentes descreveu a qualidade da comida como 'de alto nível de chef'.
Além de Bolsonaro, o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Romário (PL-RJ) estavam no mesmo setor VIP. Eles, no entanto, estavam em grupos separados. Como ex-jogador e campeão do mundo, Romário tem direito até a ir para áreas do estádio Legends, onde ficam jogadores consagrados na Copa.
O espaço VIP é apenas para convidados, mas a Fifa negocia pacotes de Hospitality em outro setor com serviços de luxo similares por meio da empresa Match. O custo é em torno de US$ 3 mil por jogo a depender do estádio e de qual partida.
Após a partida do Brasil, diante da repercussão negativa de sua presença no jogo, Bolsonaro publicou um vídeo em que disse que foi ao Qatar para levar pen drives com vídeos sobre o Brasil.
Posteriormente, ele publicou fotos do jogo entre Irã x EUA ao lado do emir Tamin Bin Hama al-Thani e do presidente da Fifa, Gianni Infantino. Os dois ficam em um setor ainda mais exclusivo, o VVIP, que só pode ser acessado por chefes de estado e dirigentes de alto escalão da Fifa. Em suas redes sociais, Bolsonaro afirmou: "Por onde passo pode ter certeza de que levo verdades sobre o Brasil".
Procurado pela reportagem por meio de sua assessoria parlamentar, Eduardo não se manifestou até a publicação da matéria. Caso seja enviado um posicionamento, ela será atualizada.
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