A conduta permite supor que ele foi alertado de que minutos depois seria alvo da ordem de prisão.
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A Operação Smoke Free da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal, que desde o dia 23 já levou 17 pessoas à prisão, indica que Zé Cabral supostamente atuava como gerente da organização criminosa especializada no comércio ilegal de cigarros. Segundo a PF, ele seria responsável por pagar propina a agentes públicos, ordenar extorsão contra comerciantes, emitir notas fiscais falsas e enviar dinheiro ao exterior de maneira ilegal. Pelas funções, segundo a reportagem do Fantástico, receberia até R$ 1,5 milhão por mês.
Segundo a PF, o grupo, conhecido pelo nome de "Banca da Grande Rio", deve cerca de R$ 2 bilhões à União, devido ao não pagamento de impostos. No dia 23, na operação nomeada Smoke Free, a PF tentou cumprir 27 ordens de prisão preventiva e 50 ordens de busca e apreensão expedidas pela 3ª Vara Criminal Federal do Rio . Também foram emitidas ordens de bloqueio, sequestro e apreensão de bens avaliados em cerca de R$ 300 milhões. Foram apreendidos imóveis, veículos de luxo, criptomoedas e dinheiro em espécie.
O suposto líder do grupo é Adilson Coutinho Oliveira Filho, conhecido como Adilsinho. Ele foi um dos alvos das ordens de prisão e continuava foragido até a noite desta segunda-feira, 28. Em abril de 2021, Adilsinho, mesmo em meio à pandemia de covid-19, reuniu 500 pessoas em uma festa para comemorar seu aniversário nos salões do hotel Copacabana Palace, em Copacabana (zona sul do Rio).
A investigação identificou mensagens elogiosas que teriam sido enviadas por Zé Cabral a Adilsinho: "Você ganhou um fã e soldado de verdade" e "Você é sujeito homem na essência da palavra. Do mesmo jeito que eu aprendi. Maior honra estar convivendo com você".
Acusação
De acordo com a investigação, iniciada em 2020, o grupo falsificava ou não emitia notas fiscais. Também depositava, transportava e comercializava cigarros em territórios dominados por facções e milícias, por meio de acordo entre esses grupos criminosos, segundo a PF. Os investigados são suspeitos de lavar os recursos obtidos ilicitamente e os remeter ao exterior, de forma irregular. Os crimes teriam sido cometidos entre 2019 e 2022.
Ainda segundo a PF, a organização contava com uma célula de serviço paralelo de segurança, coordenada por um policial federal e integrada por policiais militares e bombeiros. Segundo o MPF, os investigados podem responder pela prática de crimes de sonegação fiscal, duplicata simulada, receptação qualificada, corrupção ativa e passiva, lavagem de capitais e evasão de divisas. Se condenados, podem ser punidos com 66 anos de prisão, sem contar com as causas de aumento de pena.
Ao saber que o filho era um dos alvos da operação, o ex-governador, que está preso na Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, sentiu-me mal. Segundo a Polícia Militar, o preso, condenado a mais de 400 anos de prisão por corrupção e outros crimes, precisou receber socorro médico.
Resposta
Na tarde desta segunda-feira, 28, o Estadão não conseguiu contato com as defesas de Zé Cabral e Adilsinho. Ao Fantástico, a defesa de Cabral disse que as acusações são absurdas e que a inocência dele ficará provada. O advogado de Adilsinho afirmou que ele sempre atuou licitamente na distribuição de cigarros de comercialização autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Declarou ainda que é inverídica sua vinculação com qualquer organização criminosa e venda de cigarros contrabandeados.
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