Os policiais militares envolvidos na ocorrência não prestaram depoimento e não apresentaram as câmeras corporais
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um fisiculturista morreu após ser abordado pela Polícia Militar em um condomínio na Vila Andrade, zona sul de São Paulo, na noite do último sábado (29). Em um momento, um dos PMs colocou o joelho sobre o pescoço dele e outro, ficou em pé sobre a perna direita dele.
Familiares relataram à reportagem, nesta segunda (31), que Reinaldo Armando Vettilo Júnior, 39, foi imobilizado e sufocado pelos agentes após discutir com a companheira dele. Quatro disparos de taser-arma de choque utilizada pela polícia- teriam sido efetuados, fazendo a vítima desmaiar.
Os policiais militares envolvidos na ocorrência não prestaram depoimento. Os agentes também não apresentaram as câmeras corporais "para que as imagens fossem analisadas", segundo registros do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) diz que o caso foi registrado pelo 89º Distrito Policial e encaminhado ao DHPP.
"A Divisão de Homicídios analisa as imagens de segurança que captaram a ação, solicitou exame necroscópico à vítima e perícia das armas utilizadas na ocorrência. A unidade realiza diligências para esclarecer todas as circunstâncias dos fatos. A Polícia Militar também instaurou inquérito policial militar (IPM) para apurar e esclarecer o caso", diz trecho da nota.
A briga teria começado por volta das 20h do último sábado (29) no apartamento do casal, de onde Júnior teria retirado a mulher à força. Quando o casal chegou à área comum do condomínio, outros moradores tentaram, sem sucesso, apartar a confusão. A polícia foi, então, acionada.
Vídeos gravados por uma testemunha mostram cinco PMs imobilizando Júnior. Em um deles, é possível ouvir o homem gritando enquanto um dos policiais diz para ele parar de fazer força. Júnior não parece reagir. O mesmo policial coloca o joelho no pescoço do fisiculturista.
No segundo vídeo, um dos agentes aparece em cima de Júnior enquanto a imobilização pelo pescoço é mantida. São dadas várias ordens para que o homem fique calmo. O fisiculturista já parece não mais responder.
Em entrevista à reportagem, na noite desta segunda, o pai de Júnior, Reinaldo Vettilo, diz que o próprio filho teria pedido para que a polícia fosse acionada. "Eu não entendo. Ele era assim, sempre que percebia descontrole, pedia ajuda, mas parece que pediu para as pessoas erradas", diz.
O pai de Júnior afirma que, ao ver os agentes da Polícia Militar, o filho logo se rendeu. A versão é contestada pela corporação, segundo a qual Júnior resistiu.
Vettilo acrescentou que, enquanto os policiais faziam a abordagem, ele tentou conversar com o filho. "A companheira dele me ligou. Tentei conversar com ele, pedir calma, mas não deu. Também tentei falar com a polícia, mas ninguém quis me ouvir. Só ouvia ele [Júnior] gritando", declara.
Após desmaiar, Júnior foi socorrido e encaminhado para o Hospital Campo Limpo, também na zona sul de São Paulo, mas não resistiu e morreu. Segundo a família, um médico que atendeu o fisiculturista apontou sufocamento como a causa preliminar da morte da vítima.
"Não deram chances para o meu filho, mesmo ele não oferecendo resistência ou sendo ameaça. Ele estava sozinho, isolado. Usaram da força e tiraram meu filho [de mim]. Ele não merecia uma coisa dessa. Tiraram uma pedra preciosa minha", completa Vettilo.
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