Cientistas anunciaram, nessa quarta-feira (30), que conseguiram criar dois minúsculos buracos negros simulados em um computador quântico
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Na ficção científica, buracos de minhoca no cosmos servem como portais por meio do espaço-tempo em que espaçonaves podem percorrer distâncias inimagináveis com facilidade.
Os cientistas, há muito, buscam uma compreensão mais profunda desse fenômeno do universo e anunciaram, nessa quarta-feira (30), que conseguiram criar dois minúsculos buracos negros simulados em um computador quântico e transmitiram mensagem entre eles por meio do equivalente a um túnel no espaço-tempo.
O feito foi obtido com um "buraco de minhoca bebê", disse a física da Universidade Caltech Maria Spiropulu, coautora de pesquisa publicada na revista Nature.
Mas a humanidade ainda está muito longe de conseguir enviar pessoas ou outros seres vivos utilizando portais como esse, afirmou.
"Experimentalmente, para mim, vou dizer que está muito, muito longe. As pessoas vêm até mim e perguntam: 'Você pode colocar seu cachorro no buraco de minhoca?' Então, não", brincou Spiropulu, ao responder perguntas de jornalistas. "Mas isso é um grande salto."
“Há uma diferença entre algo ser possível em teoria e possível na realidade”, acrescentou o físico e coautor do estudo Joseph Lykken, do Fermilab, o laboratório norte-americano de Física de partículas e aceleradores.
"Portanto, pode esperar sentado para enviar seu cachorro por um buraco de minhoca. Mas temos que começar de algum lugar. E acho que é simplesmente emocionante podermos colocar nossas mãos nisso."
Os pesquisadores observaram a dinâmica do buraco de minhoca, simulado em um dispositivo quântico do Google chamado de processador quântico Sycamore.
Buraco de minhoca - uma ruptura no espaço e no tempo - é um fenômeno que atua como ponte entre duas regiões remotas do universo. Os cientistas se referem a eles como pontes Einstein-Rosen, em homenagem aos dois físicos que os descreveram - Albert Einstein e Nathan Rosen.
Esses buracos de minhoca são consistentes com a teoria da relatividade geral de Einstein, que se concentra na gravidade, uma das forças fundamentais do universo. O termo buraco de minhoca foi criado pelo físico John Wheeler na década de 50.
Spiropulu disse que os pesquisadores encontraram um sistema quântico que exibe as principais propriedades de um buraco de minhoca gravitacional, mas que era pequeno o suficiente para ser implementado no hardware quântico existente.
"É isso o que podemos dizer neste momento: que temos algo que, em termos das propriedades que observamos, parece um buraco de minhoca", disse Lykken.
Os pesquisadores afirmaram ainda que nenhuma ruptura de espaço e tempo foi criada no espaço físico no experimento, embora um buraco de minhoca que pode ser atravessado pareça ter surgido com base em informações quânticas teletransportadas, usando códigos quânticos no processador.
"Essas ideias existem há muito tempo e são muito poderosas", disse Lykken.
"Mas, no final, estamos na ciência experimental e lutando há muito tempo para encontrar uma maneira de explorar essas ideias em laboratório. E é isso que é realmente empolgante. Não é apenas, 'bem, buracos de minhoca são legais'. Essa é uma maneira de realmente olhar para esses problemas fundamentais do nosso universo em um ambiente de laboratório."
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