A Turning Point USA, que promoverá evento com Bolsonaro na sexta-feira, 3, foi fundada pelo americano Charlie Kirk, apontado nos EUA como parte da engrenagem que ajudou a financiar o comício de Trump que precedeu a invasão do Congresso americano.
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Aos 29 anos, Kirk é um dos agitadores políticos da extrema direita americana mais bem sucedidos. Além de aparecer em listas dos perfis com maior capacidade de influência na disseminação de desinformação, ele arrecada dinheiro de doadores para manter as operações de suas organizações, a Turning Point USA e a Turning Point Action - a segunda é um braço político da primeira. Em 2020, ele foi um dos responsáveis pela disseminação da teoria de que houve fraude nas eleições americanas e, em 6 de janeiro de 2021, apoiou a realização do ato em Washington com Trump.
Através das redes sociais, ele encorajou as pessoas a participarem do comício de Trump naquela data - depois do qual os presentes marcharam até o Congresso americano e invadiram o prédio, na tentativa de impedir a realização de sessão que confirmava a vitória de Biden. Em seu programa de rádio, no mesmo dia, chegou a dizer que a data seria "o mais importante dia que irá determinar o futuro da República". Também ajudou a disseminar a informação falsa de que o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, tinha poderes para unilateralmente descartar a certificação da eleição.
Investigações conduzidas nos EUA, no entanto, apontam uma questão mais grave: o possível envolvimento de Kirk com a teia de financiamento do ato. A Turning Point Action foi listada em um site que promoveu o evento como uma das envolvidas na organização. Kirk chegou a publicar, também em conta nas redes sociais, que havia pago 80 ônibus que levariam americanos de diferentes regiões do país a Washington, para "lutar pelo presidente". A publicação foi apagada depois da invasão do Capitólio e as informações mais recentes, segundo a imprensa americana, apontam que o número estava superestimado e que Kirk pode estar por trás do financiamento de sete ônibus, responsáveis por levar 350 ativistas à capital americana.
Uma reportagem de dezembro do jornal Washington Post revelou que "grupos sob a direção" de Kirk receberam US$ 1,25 milhão e que o dinheiro estava destinado a financiar atividades de protesto em 6 de janeiro. Um dos pagamentos, segundo o jornal, foi para Kimberly Guilfoyle, noiva do filho mais velho de Trump, Donald Trump Jr, de quem Kirk é próximo. A Turning Point Action, ainda segundo o Washington Post, pagou US$ 60 mil para Guilfoyle participar do comício pró-Trump do dia 6, no qual o ex-presidente convocou seus apoiadores a "lutarem como o inferno".
Chamado a depor perante o comitê do Congresso americano que investigou o ataque golpista, Kirk invocou seu direito de permanecer calado e não respondeu aos legisladores nem mesmo qual é sua idade. Os parlamentares finalizaram o trabalho de investigação e recomendaram à Justiça que Trump seja acusado por insurreição. As investigações conduzidas pela Justiça americana sobre o ataque ao Capitólio ainda estão em andamento.
O evento com Bolsonaro foi divulgado por Kirk em suas redes sociais e também por Carlos Bolsonaro. "O Brasil se tornou um campo de batalha fundamental no confronto global entre o poder do povo e a tirania de uma máquina globalista corrupta", escreveu Kirk no Twitter, após anunciar o evento com o ex-presidente do Brasil.
Kirk é próximo da família Trump e foi o responsável pela abertura da convenção republicana de 2020, que confirmou o ex-presidente como candidato republicano à reeleição. Reportagem do jornal Washington Post revelou que a Turning Point USA montou uma estrutura doméstica em Phoenix, no Arizona, de recrutamento de jovens pagos para amplificar alcance de mensagens conservadoras e de informação falsa nas redes sociais. "Misturando, combinando e torcendo os fatos, Kirk veio para exemplificar uma nova geração de agitador político que floresceu desde a eleição de 2016, caminhando na linha entre a opinião conservadora dominante e a desinformação completa", descreveu o jornal The New York Times.
Investigado no Brasil por possível incitação aos atos golpistas do último dia 8 de janeiro, durante os quais o Supremo Tribunal Federal, o Congresso e o Palácio do Planalto foram invadidos e depredados, Bolsonaro não tem data para voltar dos Estados Unidos, para onde viajou dois dias antes do fim de seu mandato. Bolsonaro deu entrada no processo para trocar de visto nos Estados Unidos e permanecer no país na condição de turista, segundo o escritório de advocacia AG Immigration, responsável pela condução do caso. Fora da Presidência e com o fim do prazo para uso do visto oficial concedido a chefes de Estado, o brasileiro agora quer permanecer na Flórida com visto de turista, que pode dar direito a mais seis meses de estadia no país.
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