As suspeitas contra um dos alunos surgiu após a polícia ter acesso a novas imagens das câmeras de segurança
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil investiga mais dois alunos da escola estadual Thomazia Montoro por suspeita de terem participado e incentivado o ataque que deixou uma professora morta e cinco feridos na zona oeste de São Paulo.
Um deles se encontrou com a autor do atentado, um adolescente de 13 anos, minutos antes de ele entrar na sala de aula e esfaquear a professora Elisabeth Tenreiro, 71, que morreu por causa dos ferimentos. O outro fez postagens nas redes sociais elogiando o atentado, e era da mesma sala do agressor.
As suspeitas contra um dos alunos surgiu após a polícia ter acesso a novas imagens das câmeras de segurança, que mostraram o que o adolescente fez na escola antes de atacar a professora. As imagens mostram que o agressor e um aluno se encontraram em frente ao banheiro da unidade, conversaram e entraram juntos no local.
Pouco tempo depois, o suspeito sai do banheiro e, em seguida, o agressor sai já vestido com a máscara que usou durante o atentado.
"Eles conversaram, [a imagem] mostra uma proximidade entre os dois, eles conversam, adentram o banheiro", disse o delegado Marcus Vinicius Reis, do 34º DP (Vila Sônia).
"Nós temos uma faca, um pedaço de tesoura, então a gente está avaliando se algum desses instrumentos utilizados no crime foi efetivamente fornecido [pelo colega do agressor]", declarou.
A polícia ouviu esse adolescente nesta quarta (29), após assistir às imagens. Segundo o delegado, o jovem negou participação, dizendo que não sabia que o colega faria um atentado. O delegado não confirmou se o suspeito é ou não dá mesma sala do agressor.
Já o aluno que fez postagens sobre o ataque, louvando o crime, já havia sido ouvido pela polícia.
A polícia acredita que as mensagens a favor de ataques em escolas dos colegas do agressor podem ser enquadradas como apologia a crime, prevista no artigo 287 do Código Penal. Segundo Reis, o autor das mensagens é amigo do jovem que matou a professora.
A polícia entrou em contato com a diretora de outra escola onde o agressor já estudou na região de Raposo Tavares, também na zona oeste de São Paulo, e deve ouvi-la sobre o comportamento dele antes de estudar na Thomazia Montoro, que foi alvo do atentado. O delegado pretende tomar esse depoimento nesta quinta (30).
Reis afirmou que o Ministério Público foi favorável ao pedido de quebra de sigilo telemático e telefônico do celular do adolescente. A expectativa é que, com isso, a Justiça dê a autorização também até esta quinta-feira. O processo tramita em sigilo.
A polícia também recebeu recebeu relatos de que o autor do ataque chegou a convidar uma colega a participar da ação. Segundo o delegado Reis, uma aluna da escola Thomazia Montoro registrou um boletim de ocorrência no qual afirmou ter sido avisada do atentado pelo agressor, que perguntou se ela queria participar da ação. Reis não informou a data em que o boletim foi feito, nem quando o convite teria sido feito.
Segundo o delegado, a menina a princípio pensou que se tratava de uma brincadeira do aluno -depois, recusou o convite. Ela deve ser ouvida pela polícia, mas ainda não há data para o depoimento.
O ATAQUE
Na manhã de segunda-feira (27), o estudante do oitavo ano do ensino fundamental matou a facadas a professora Elisabeth Tenreiro, 71.
Câmeras de segurança registraram o momento dos dois ataques. O adolescente usava uma máscara de caveira, entrou correndo na sala de aula e parte para cima da professora Elisabeth, que estava em pé.
A docente, que não percebeu a aproximação do aluno, foi atingida violentamente por diversos golpes nas costas e caiu no chão.
Em desespero, os alunos tentaram sair da sala, e alguns foram atacados pelo estudante.
Um segundo vídeo mostra o adolescente atingindo outra professora. Ele desfere vários golpes na mulher, que está em pé e tenta se proteger com os braços. Duas mulheres entram na sala, e uma delas consegue imobilizar o adolescente, enquanto a outra retira a faca das mãos dele.
O aluno agressor era novato na escola. Foi transferido para lá no início de março, após uma funcionária do colégio anterior registrar um boletim de ocorrência relatando comportamento agressivo do estudante, que vinha "postando vídeos comprometedores, por exemplo, portando uma arma de fogo e simulando ataques violentos".
A justificativa que o jovem deu para o ataque, segundo a polícia, foi o bullying que teria sofrido diferentes escolas. Segundo o delegado, os colegas caçoavam da sua aparência franzina e do seu cabelo, por exemplo.
"Ele de fato tentou adquirir essa arma de fogo, fez algumas pesquisas via internet e não conseguiu de fato adquirir ou ter uma arma de fogo disponibilizada, o que certamente provocaria uma letalidade muito maior", disse Reis.
Em um bilhete à família, ele dizia que planejava o atentado havia dois anos, desde que tinha 11. Além do bullying, falou em tristeza e ódio acumulados ao longo dos anos, que ele escondia da família.
Nesta terça (28), a Justiça de São Paulo determinou internação provisória do aluno -a medida prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente tem prazo máximo de 45 dias e só pode ser prorrogada após eventual condenação. Ele também passará por avaliação psiquiátrica.
Ele responderá por agressão, três tentativas de homicídio e homicídio qualificado consumado, além da suspeita de injúria racial praticada dias antes contra um colega.
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