Panorâmica da artista performática reúne, no Sesc Avenida Paulista, uma série de obras protagonizada pelo seu corpo, desde a década de 1960 até os dias atuais, como fotos, vídeos, esculturas e instalações interativas com recursos de Inteligência Artificial
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Panorâmica da artista performática reúne, no Sesc Avenida Paulista, uma série de obras protagonizada pelo seu corpo, desde a década de 1960 até os dias atuais, como fotos, vídeos, esculturas e instalações interativas com recursos de Inteligência Artificial
Em uma rápida passagem pelo Brasil, a artista francesa participa da abertura da exposição (dia 2/9), apresenta a performance “Tornar-se ORLAN” (dia 3/9) e lança sua autobiografia “Strip-tease: tudo sobre minha vida, tudo sobre minha arte” (dia 6/9), pelas Edições Sesc, no Sesc Avenida Paulista
A primeira mostra individual de ORLAN em toda América do Sul, conta com a sua presença na abertura e percorre as seis décadas de carreira da artista francesa, privilegiando mais de 60 trabalhos de uma produção atenta às questões latentes e tecnologias disponíveis de cada época. Com radical poética voltada ao feminino, a partir de uma perspectiva feminista, um dos nomes pioneiros da performance traz ao Sesc Avenida Paulista uma exposição, com curadoria de Alain Quemin e Ana Paula Simioni, que inclui fotografias, vídeos e esculturas, desde performances seminais, como Corpos-esculturas da década de1960, até ORLANoide, uma robô da artista constituída por Inteligência Artificial, que poderá interagir com o público em português, inglês e francês.
Confira as fotos pelo link: https://drive.google.com/
Desde 1964 a artista renuncia o seu nome de batismo e adota ORLAN, obrigatório em letras maiúsculas, como um modo de contestar o enquadramento das mulheres à sociedade patriarcal, presente desde o nascimento pela adoção do nome paterno, depois, dos maridos. A partir dos princípios bem estabelecidos em seu manifesto “Arte Carnal”, ORLAN faz do corpo um ready-made modificado, isto é, um lugar de debate público. O corpo é matéria e suporte de uma estética de reinvenção da artista. Ao unir o estético ao político, ela investiga as formas de dominação ocidentais, atravessadas por práticas e valores normativos, como masculinidade, religião, marginalização cultural e racismo.
“Estimular a consciência crítica por meio da fruição artística representa, para o Sesc, instância fundamental de sua atuação educativa. Parte integrante dessa proposta, a investigação acerca da dimensão simbólica da corporeidade é tarefa fundamental para a viabilização de corpos, tanto individuais quanto sociais, efetivamente diversos”, destaca Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.
No período dos anos 1970, ORLAN produziu performances, com destaque para O Beijo da artista, em que simula seu corpo como uma máquina de vender beijos. Nela, a partir de um pagamento módico, os visitantes podiam escolher entre acender uma vela para glorificar a efígie de Santa ORLAN ou beijar (com a língua) a própria artista. No mesmo período realiza uma série de ações em espaços públicos, ORLAN-Corpos.
Já na década de 1990, a artista notabiliza-se pela obra A reencarnação de Santa ORLAN, para a qual se submete a nove cirurgias plásticas sob efeito de anestesia local para manter a consciência e dirigir o trabalho, transmitido via satélite para vários lugares, entre os quais as galerias de arte da Europa. Em algumas dessas performances, crânios, frutas e legumes estão incluídos no cenário; em outras, ORLAN lê textos ou faz desenhos com o próprio sangue. Os objetivos de tais trabalhos foram debatidos em seu Manifesto de Arte Carnal [Manifeste de l'Art Charnel, 1990]. O que a interessa é “o processo operação-cirurgia-performance e o corpo modificado como tema de debate público”.
Dos anos 1990 aos 2000, ORLAN produz uma série de autorretratos “Desfiguração-refiguração” (1998-2022), em que seu rosto se mistura a outras culturas. As hibridizações, mais do que sobreposições de imagens, propõem uma verdadeira colagem de femininos, potencializada pela soma de referências, sejam elas ocidentais, não ocidentais, pré-colombinas africanas ou asiáticas. Já em Auto- hibridizações entre mulheres (2019) traz uma tiragem de fotos separada em atos denominados As mulheres que choram estão com raiva, nas quais dialoga com obras célebres de Picasso, mas invertendo a passividade de suas “musas”.
Por sua vez, ORLANoide (2018/2023), criada por meio da biohacking (técnica que usa tanto a tecnologia quanto a biologia para formar humanos capazes de elevar seu desempenho corporal ao nível máximo), convida o espectador a seguir as etapas de elaboração desta humanoide – autorretrato em escultura animada de ORLAN –, para entrar nos bastidores de sua fabricação: da modelagem à inteligência artificial. A robô fala, canta, criando um espetáculo visual real e um deep learning theater. (deep learning ou aprendizagem profunda baseia-se em um conjunto de algoritmos relacionados ao machine learning e suas aplicações no mundo real são cada vez mais tangíveis). Adaptada para a exposição no Sesc São Paulo, a ORLANoide utiliza tecnologias ainda mais atuais que vão possibilitar ao público interagir com a artista em português, além do inglês e francês. O público pode interromper esse processo aproximando-se do microfone, pressionando o botão e mantendo-o pressionado pelo tempo necessário para fazer sua pergunta. Ao soltar o botão, a ORLANoide registrará a pergunta e responderá.
A exposição é realizada com o apoio da Embaixada da França no Brasil e o Institut Français.
Performance “Tornar-se ORLAN”
Dia 3 de setembro, às 18h, ORLAN fará uma performance-palestra de uma hora sobre toda a sua carreira, acompanhada pela exibição simultânea de algumas das principais obras que produziu nestas seis décadas. Sua apresentação, no Sesc Avenida Paulista, será seguida de uma performance participativa com o público intitulada O Slow da Artista que será ativada pela primeira vez no continente americano. Com sua nova performance, ORLAN pretende oferecer aos participantes o que mais sentimos falta desde 2020, com a introdução do distanciamento social e os vários confinamentos adotados em muitos países do mundo após a pandemia de Covid: calor humano, abraços, contato corpo a corpo.
ORLAN propõe, assim, a dança como tratamento terapêutico após o difícil período de distanciamento corporal. A artista escreveu as letras das músicas e convidou cerca de vinte músicos para criar, cada um, uma melodia e cantar seus textos. Ela também inseriu sua voz na música em colaboração com o músico e cantor convidado. O álbum está disponível desde maio de 2023 (MISE A JOUR PRODUCTION/BACO MUSIC) em CD duplo, vinil duplo e todas as plataformas digitais - https://Baco.lnk.to/
Lançamento do livro
Strip-tease: tudo sobre minha vida, tudo sobre minha arte
Autora: ORLAN
No dia 6 de setembro, às 19h30, as Edições Sesc lançam, com o apoio da Embaixada da França no Brasil e o Institut Français, Strip-tease: tudo sobre minha vida, tudo sobre minha arte, uma autobiografia de ORLAN, com uma bate-papo entre a autora e Ana Paula Simioni, no Sesc Avenida Paulista. Na obra, a artista francesa, que possui o hábito de escrever todas as noites desde a adolescência, conta detalhes da sua vida, desde a infância, num meio operário, até a atualidade, destacando aspectos da sua trajetória pessoal e profissional. Em Strip-tease, ORLAN manifesta seus amores, seus dissabores, seus traumas e sua vida de artista na cena francesa e internacional, na qual se aproximou de grandes nomes da arte.
Ao contar sobre sua vida, a artista entrega um livro que permite ao leitor uma maior aproximação com suas obras e seus processos de criação, destacando a intencionalidade por trás de suas produções. Entre relatos tenros e, por algumas vezes, perturbadores, ORLAN fala sobre suas experiências afetivas e sexuais, sempre salpicando a sua visão de ser e estar no mundo, sendo uma mulher artista e que utiliza o seu próprio corpo como forma de expressar sua arte e expurgar os seus demônios.
Sobre ORLAN
"Eu sou ORLAN, entre outros e na medida do possível. Meu nome está escrito em letras maiúsculas porque não quero entrar na fila, não quero me encaixar”.
ORLAN, nascida na cidade industrial francesa de Saint-Etienne, é hoje uma das artistas visuais mais aclamadas internacionalmente. Ela vem criando continuamente há quase seis décadas.
Embora seu nome esteja associado principalmente à performance e às fotografias que dela resultam, seu trabalho não se limita a um único meio ou técnica. Além dessas modalidades, ORLAN trabalhou, e continua trabalhando, com pintura, escultura, colagem, vídeo, videogames, biotecnologia, inteligência artificial e até mesmo robótica. De todas as artistas francesas contemporâneas, ela é a que aparece com mais destaque nos livros didáticos internacionais de história da arte, especialmente naqueles dedicados à história da performance, da body art, da arte feminista e das novas tecnologias na arte.
Amplamente reconhecida internacionalmente, suas obras estão presentes em diversos museus do mundo, tais como na França no Centro Georges Pompidou, na Maison Européenne de la Photographie, no Fond National d’Art Contemporain, no Museu de Arte Moderna de Saint-Etienne e no Museu de Belas Artes de Nantes; nos EUA possui obras no LACMA County Museum of Art e no Getty Museum, assim como no National Museum of Art, em Osaka, Japão. Participou de inúmeras exposições internacionais, dentre elas a Bienal de Veneza (em 1986, 1993, 1997, 2007, 2009, 2013, 2017). Também foi objeto de diversas exposições monográficas, destacando-se apenas recentemente as seguintes mostras ORLAN EN CAPITALES, na Maison Européenne de la Photographie, Paris, 2017; MACRO, ORLAN Rétrospective, Museu de Arte Contemporânea de Roma, 2017; ORLAN TODAY em Caen FRAC Normandie, (France), 2016 e ORLAN / Hybridaciones y Refiguraciones Museo de Arte Moderno de Bogotá, Colômbia, 2012. Atuou ainda como professora junto à École Nationale Supérieure d'Arts de Paris-Cergy.
Foi agraciada com diversos prêmios e condecorações, como Chevalier de l’Ordre National du Mérite, prêmio outorgado pelo ministro da cultura François Miterrand em 2010; e em 2013 o grande prêmio E-REPUTATION, por ser a artista mais procurada na internet naquele ano. Para saber mais consultar: https://www.orlan.
Sobre os curadores
Alain Quemin é professor de sociologia da arte na université Paris-8 (França), pesquisador do GEMAS – Sorbonne Université e membro sênior do Institut Universitaire de France. Foi professor convidado em diversas universidades do mundo (UCLA, Columbia University e New School for Social Research nos Estados Unidos, Université de Montréal no Canadá, Universität Zürich na Suíça, Bologna University na Itália, Universitat de Barcelona na Espanha, Unicamp no Brasil, Universidade de Moscou na Rússia, entre outras). Ele também é ex-aluno da Fulbright. Quemin é especialista em sociologia dos mercados e instituições da arte. Ele publicou em particular: Les stars de l'art contemporain. Notoriété et consécration artistiques dans les arts visuels, Paris, éditions du CNRS (2013), e Le monde des galeries. Art contemporain, structure du marché et internationalisation, Paris, CNRS Editions (2021) (a ser publicado em inglês pela Bloomsbury Press, em 2024). O curador também atua como jornalista e crítico de arte, sendo membro da Associação Internacional de Críticos de Arte.
Ana Paula Cavalcanti Simioni - Professora do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, professora do programa de pós-graduação Interunidades em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo. Autora, entre outros de Profissão artista: pintoras e escultoras acadêmicas brasileiras, EDUSP (2019), e Mulheres modernistas: estratégias de consagração na arte brasileira. São Paulo: EDUSP (2022). Foi curadora de, entre outras exposições, Transbordar: transgressões do bordado na arte brasileira, Sesc Pinheiros, 2020-21.
Sobre o Sesc São Paulo
Com 76 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 40 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações, clique aqui.
Serviço
Exposição: Tornar-se ORLAN
Quando: abertura dia 2 de setembro de 2023, sábado, às 11h.
Horários de visitação: 2 de setembro de 2023 a 28 de janeiro de 2024. Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, das 10h às 19h30. Domingos e feriados, das 10h às 18h30.
Classificação etária: 14 anos
Onde: Arte I – 5º andar
Recursos de acessibilidade: Mapa e objetos táteis, piso tátil, libras e audiodescrição
Gratuito – Aberto ao público
Performance “Tornar-se ORLAN”
Data: 03 de setembro de 2023, às 18h
Local: Sesc Avenida Paulista
Classificação etária: 14 anos
Retirada de ingressos 30 minutos antes da apresentação
Lançamento do livro
Strip-tease: tudo sobre minha vida, tudo sobre minha arte
Bate-papo com ORLAN e Ana Paula Simioni, seguido de sessão de autógrafos.
Autora: ORLAN
Edições Sesc São Paulo, 2023 - 380 páginas
ISBN: 978-85-9493-267-9
Preço do livro: R$ 72
Data: 06 de setembro de 2023, às 19h30
Classificação etária: 14 anos
Local: Sesc Avenida Paulista - Praça (térreo)
Retirada de ingresso 30 minutos antes da apresentação
Visita Educativo: Tornar-se ORLAN
Horários de visitação: 2 de setembro de 2023 a 28 de janeiro de 2024. Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, das 10h às 19h30. Domingos e feriados, das 10h às 18h30
Classificação etária: 14 anos
Onde: Galeria Arte I – 6º andar
Gratuito – Agendamento de visitas educativas para grupos: expo.avenidapaulista@sescsp.
SESC AVENIDA PAULISTA
Avenida Paulista, 119, Bela Vista, São Paulo
Fone: (11) 3170-0800
Transporte Público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m
Horário de funcionamento da unidade:
Terça a sexta, das 10h às 21h30.
Sábados, das 10h às 19h30.
Domingos e feriados, das 10h às 18h30.
Site: sescsp.org.br/
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Instagram: @sescavpaulista
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