Como a integração tecnológica pode transformar a segurança dentro e fora das unidades prisionais
Rodolfo Gomes, Especialista em segurança de vídeo, Motorola Solutions |
Segundo dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), o Brasil atualmente totaliza 826.740 pessoas no Sistema Penitenciário, sendo 642.638 delas em unidades prisionais¹. Enquanto que a lista da população carcerária mundial (WPPL), divulgada pelo Instituto de Pesquisa de Políticas de Justiça e Crime (ICPR, em inglês) aponta em segundo lugar na América Latina o México, com mais de 220 mil pessoas, seguido da Argentina com quase 110 mil, Colômbia com 98 mil e Peru, com 88 mil.
Embora o sistema penal seja um elo fundamental na estratégia de segurança de qualquer nação, particularmente na América Latina o panorama de superlotação torna ainda mais desafiadora a missão da polícia de manter as prisões seguras.
Para lidar com esses desafios, é fundamental que os profissionais prisionais estejam equipados com tecnologias inovadoras capazes de aumentar a proteção das instalações e fazer com que a equipe de segurança opere com mais eficiência. Tecnologias inovadoras que podem ser integradas entre si para dotar a prisão de um ecossistema que permite que a inteligência seja centralizada e alimentada por múltiplas fontes, como voz e vídeo.
Os rádios sempre foram amplamente utilizados nessas instalações, principalmente devido à segurança da criptografia desse tipo de comunicação, que impede que pessoas não autorizadas fiquem na escuta ou interfiram nas conversas. Mas, ao longo dos últimos anos, as tecnologias de segurança por vídeo e software vêm transformando as operações nos presídios.
Essa jornada de inovação ganhou um novo sentido com a integração de todas essas tecnologias para o aumento de iniciativas de modernização, impulsionadas, principalmente, pelo desenvolvimento das Cidades Inteligentes. Isso porque dentro do conceito de smart cities, um dos tópicos principais é a segurança – uma prioridade para sua viabilização e direito de todo cidadão.
As unidades prisionais exigem recursos específicos para entrar no conceito das smart cities e se tornarem ambientes mais protegidos para quem está dentro e fora das instalações, otimizando as medidas protetivas e de bem-estar nas dependências e nos arredores.
A segurança por vídeo, por exemplo, tem se tornado uma ferramenta crucial, com câmeras fixas e móveis de altíssima resolução e durabilidade, capazes de identificar veículos, placas, pessoas e detalhes mesmo em ambientes com pouca iluminação. Esses sistemas de segurança de vídeo podem ser estrategicamente posicionados para cobrir todos os ângulos e minimizar os pontos cegos, proporcionando uma visão abrangente das atividades e das instalações prisionais interna e externamente.
É o caso da rede prisional de Manaus, a maior cidade do estado do Amazonas. No passado, a polícia penal precisava monitorar várias telas 24 horas por dia, 7 dias por semana, para detectar atividades incomuns dentro e fora de seis instituições. Nos presídios que não possuíam sistema eletrônico, o monitoramento muitas vezes era feito por agentes localizados em guaritas perimetrais. A tecnologia de segurança ajudou a aprimorar e modernizar as operações, dando aos policiais visibilidade e conscientização em vários locais estratégicos, permitindo que sejam mais ágeis e eficazes.
Um software avançado de centro de comando pode se transformar em um verdadeiro hub para unificar as informações, no qual os agentes são capazes de visualizar todas as câmeras, movimentá-las, assistir imagens gravadas e administrar os rádios portáteis de suas equipes. A integração dos dispositivos com recursos de Inteligência Artificial e análises permite a coordenação operacional de forma orquestrada junto aos centros de comando e controle e, com a automação das ações, minimiza o tempo de resposta e evita erros de procedimentos. A automação é essencial em operações nas quais cada segundo conta. Dessa forma, equipes conseguem identificar e responder rapidamente a incidentes e apoiar ações preventivas.
Ainda, é possível integrar esse hub com serviços de georreferenciamento com objetivo de obter localização em tempo real de viaturas por meio do sistema de GPS nos equipamentos ou via telemetria. Com isso, as patrulhas e diversas ações podem ser realizadas com mais segurança para as pessoas. As imagens gravadas e armazenadas automaticamente em nuvem funcionam como evidências, se necessário. Essas imagens ficam protegidas por recursos de segurança cibernética de acordo com a regulamentação de cada país e não podem ser alteradas – acessadas somente sob autorização judicial.
Além disso, os sistemas de rádio podem ser integrados com outros dispositivos de segurança, como alarmes e sensores, a fim de fornecer uma resposta abrangente em caso de violações ou eventos suspeitos. A comunicação constante entre os funcionários aumenta a eficiência operacional das unidades prisionais, permitindo uma gestão mais eficaz dos recursos e uma resposta coordenada em situações de crise.
As pessoas precisam se sentir cada vez mais seguras no dia a dia, seja dentro de suas casas, caminhando pelas ruas, no trabalho ou cumprindo seu dever perante a lei. Um ecossistema tecnológico moderno permite que essa realidade seja possível para organizações públicas e privadas no mundo todo.
Juliana Ornellas
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