Em entrevista ao jornal O Globo, Dallagnol também refletiu sobre a Lava Jato: fez mea-culpa sobre o famoso PowerPoint contra Lula, minimizou a relação com o ex-juiz Sergio Moro e disse que "teria feito algo diferente" sobre o fundo da Lava Jato
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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Quatro meses após ter o mandato de deputado federal cassado, o ex-procurador Deltan Dallagnol se filiou ao Novo e já cogita se candidatar à Prefeitura de Curitiba.
Em entrevista ao jornal O Globo, Dallagnol também refletiu sobre a Lava Jato: fez mea-culpa sobre o famoso PowerPoint contra Lula, minimizou a relação com o ex-juiz Sergio Moro e disse que "teria feito algo diferente" sobre o fundo da Lava Jato.
O ex-procurador se filiou neste sábado (30) ao Novo depois de se eleger pelo Podemos. Dallagnol disse que seu foco será formar lideranças políticas "apaixonadas pelo Brasil", mas não descarta concorrer à prefeitura da capital paranaense em 2024.
"A possibilidade de ser candidato está em aberto. Não descarto colocar meu nome à disposição para concorrer a prefeito de Curitiba", afirmou Dallagnol.
Existe, no entanto, a possibilidade de que ele fique inelegível após a cassação de seu mandato pela Justiça Eleitoral, em maio. Segundo a Lei da Ficha Limpa, ele não poderia ter pedido exoneração do Ministério Público Federal e se candidatado a deputado porque respondia a 15 procedimentos sobre sua conduta na Lava Jato.
ARREPENDIMENTOS
O ex-procurador admitiu o erro de ter usado PowerPoint para acusar Lula de chefiar uma organização criminosa. "Aquela apresentação foi didática como várias que haviam sido feitas em outras grandes fases", disse.
"Várias coisas que foram feitas poderiam ter sido diferentes, poderia ter feito sem apresentação gráfica? Evitaria algumas críticas", admitiu.
Dallagnol também teria se arrependido pela forma como ajudou a criar um fundo para arrecadar recursos da Laja-Jato. Ele disse que a tentativa de "manter no Brasil bilhões de reais" foi "um mecanismo legal".
A arrecadação de R$ 2,66 bilhões, porém, foi considerada improcedente pela Justiça. "Agora, se você me perguntar, em retrospectiva, se eu teria feito algo diferente, sim", admitiu.
"Eu teria chamado a Controladoria-Geral da União e a Advocacia-Geral da União para assinarem junto aquele termo de compromisso."
RELAÇÃO COM MORO
Dallagnol criticou a anulação do acordo de leniência da Odebrecht pelo Supremo. Na ocasião, o ministro Dias Toffoli (STF) disse que a Lava Jato fazia "tortura psicológica", um "pau de arara do século 21".
"Essa fala do ministro Toffoli foi absurda", disse. O ex-deputado, porém, evitou criticar outros ministros. Preferiu, no lugar, nomear aqueles que não teriam cometido excessos: "Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, André Mendonça e Luiz Fux, para citar alguns", afirmou. "Diálogos com Moro na Lava Jato não eram ilegais", diz Dallagnol.
Questionado, o ex-procurador minimizou o vazamento de uma conversa em que Moro orienta os procuradores a tornarem mais robusta uma acusação contra Lula. A conversa no Telegram não teria passado de um "brainstorming" (debate de ideias).
"Você pode dentro de um brainstorming ir até o juiz", disse. "Existe espaço para você apresentar argumentos, receber informações. Não há nada de errado nisso."
Questionado sobre a ética de um "brainstorming" entre um procurador e um juiz, Dallagnol disse: "Gostaria que me apontasse qualquer medida feita fora dos autos."
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