Os parlamentares aprovaram um projeto de resolução que altera o regimento interno da Câmara
© Elaine Menke/Câmara dos Deputados |
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (1º) a criação da bancada negra da Casa.
Os parlamentares aprovaram um projeto de resolução que altera o regimento interno da Câmara para criar a bancada em votação simbólica (quando não há contabilização dos votos). A matéria vai à promulgação.
O partido Novo orientou contra a proposta, enquanto PL, minoria e oposição liberaram suas bancadas.
O grupo passará a participar de reuniões dos colégios de líderes (com direito a voto) convocados pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e a usar o tempo de liderança durante as discussões.
A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) afirma na justificativa do projeto que a criação da bancada "reforçará a voz e a representatividade de 56% da população brasileira".
Líder do PSD na Câmara, o deputado Antonio Brito (BA) foi o relator da proposta. Ele afirmou que fez questão de fazer um parecer "isolando qualquer questão ideológica, de gênero e política partidária", focando apenas na criação da bancada.
"Isso aqui é um gesto simples, isso aqui não é nada contra ninguém. Esse gesto não é contra ninguém, ele é a favor de todos nós e é a demonstração que nós não podemos só ver pretos e pretas para ter fundo eleitoral de partido nem para PEC de Anistia para partido que não cumpre. Nós queremos ver pretos e pretas compondo essa Casa e honrando o nosso país", disse.
A bancada será composta por parlamentares negros e negras e terá uma coordenação-geral e três vice-coordenadorias.
Segundo o texto aprovado, a criação do grupo não resultará em aumento de gastos financeiros para a Câmara.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) se emocionou ao discursar após a aprovação do texto. "Viver 81 anos e ter dedicado maior parte da minha vida à política, neste momento eu me sinto recompensada. Eu agora tenho uma bancada, eu agora tenho uma frente que vai dar continuidade a uma luta de séculos e séculos", afirmou.
"Nesta Casa a questão não foi partidária e não deve ser partidária, é apenas reconhecer na maioria da população aquilo que ela tem de direito. Ela deve ter protagonismo e é o que nós iremos proporcionar através dessa frente. O protagonismo da maioria da população brasileira, sem excluir os demais", continuou a parlamentar.
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