Uma nova proposta, que prevê o pagamento integral em até 90 dias para quem tem a receber valores de até R$ 30 mil - o que equivale a 60% do total de 28 mil credores
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Em meio às negociações para reestruturar uma dívida de R$ 11 bilhões, a diretoria da Light apresentou no final da sexta-feira passada, dia 23, uma nova proposta, que prevê o pagamento integral em até 90 dias para quem tem a receber valores de até R$ 30 mil - o que equivale a 60% do total de 28 mil credores.
Na avaliação de uma pessoa próxima às negociações, que falou com o Estadão/Broadcast sob a condição de anonimato, a proposta atual é uma tentativa de harmonizar a quitação das dívidas, especialmente com os pequenos investidores, e a sustentabilidade econômico-financeira, necessária para conseguir a renovação da concessão e a continuidade dos compromissos inerentes à operação no Estado do Rio.
A proposta prevê o aporte de até R$ 1,5 bilhão, sendo que os acionistas de referência - Nelson Tanure, Beto Sicupira e Ronaldo Cezar Coelho - garantiriam a injeção de R$ 1 bilhão.
ALTERNATIVA
Ao mesmo tempo que a direção da Light tenta construir o seu plano, parte dos credores buscam alinhavar uma proposta alternativa. As discussões para se chegar a uma solução para a dívida da Light vêm desde o ano passado, quando a empresa entrou em recuperação judicial.
Nesse período, uma das principais dificuldades encontradas tem sido de a dívida ser muito pulverizada e, além disso, uma parte dos detentores do créditos tem mostrado resistência a aceitar as propostas colocadas pela empresa, que precisa de injeção de capital para destravar sua recuperação de forma sustentável.
No entanto, de acordo com uma pessoa que tem relações com a empresa, essa proposta não seria plausível, tendo em vista os desafios que a Light tem pela frente, de renegociar a renovação de sua concessão e dar continuidade aos investimentos na rede. Segundo essa pessoa, a empresa não pode apresentar um plano que tornará a empresa insustentável.
Ainda no sábado, credores da Light reagiram mal à proposta da companhia. Um deles disse a reportagem que o plano "é impossível" de ser aprovado pelos detentores do maior volume em crédito.
De acordo com essa pessoa, que tem ligação com quem tem a receber por volta de R$ 5 bilhões da companhia, não houve acordo durante as reunião para tratar do plano de recuperação.
De acordo com esse interlocutor, a empresa precisa reduzir sua alavancagem em R$ 3,2 bilhões, sendo que desse valor parte virá dos acionistas de referência e a outra da conversão de créditos. Contudo, esse é justamente um dos pontos criticados pelos credores, que avaliam a relação de troca apresentada pela empresa como "muito desfavorável".
Por outro lado, na avaliação de uma pessoa próxima à Light, e que também aceitou falar sem ter o nome divulgado, essa proposta se adapta melhor à realidade da companhia, que tem alto passivo a ser reestruturado. Essa pessoa lembra que, dadas as características do negócio da Light, a empresa precisa manter investimentos e manutenções em seus ativos, para evitar penalizações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Além disso, eventuais problemas relacionados à prestação de serviços poderiam causar impacto negativo nas negociações com o governo do Rio no momento da renovação da concessão.
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