O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e seu homólogo israelense, Netanyahu, ambos líderes de um movimento global de extrema-direita, são aliados internacionais de Bolsonaro
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O ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou às autoridades federais a devolução de seu passaporte e autorização para viajar em maio para Israel, a convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, revelaram hoje seus advogados.
Os representantes legais de Bolsonaro apresentaram o pedido ao Supremo Tribunal Federal na última segunda-feira, no mesmo dia em que o The New York Times publicou imagens de câmeras de segurança mostrando que o ex-presidente passou duas noites na embaixada da Hungria em Brasília.
A visita à embaixada da Hungria ocorreu em fevereiro, poucos dias depois de a Polícia Federal brasileira ter apreendido o passaporte de Bolsonaro durante uma operação relacionada a uma investigação sobre a possibilidade de o ex-presidente e seus principais assessores terem conspirado para ignorar os resultados das eleições de 2022 e planejado uma revolta para manter no poder o líder derrotado nas urnas.
Essa revelação gerou especulações generalizadas de que Bolsonaro poderia estar tentando fugir da prisão, refugiando-se em uma embaixada de um regime amigo, protegido por convenções diplomáticas.
Os advogados de Bolsonaro negaram que essa fosse a intenção do ex-presidente, argumentando ser "ilógico" pensar que ele estivesse procurando asilo ou evitando as autoridades, e que a visita se enquadrou em sua agenda política com o governo húngaro, com o qual ele tem um "alinhamento bem conhecido", de acordo com uma declaração.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e seu homólogo israelense, Netanyahu, ambos líderes de um movimento global de extrema-direita, são aliados internacionais de Bolsonaro e particularmente críticos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No mês passado, o ministro israelense das Relações Exteriores afirmou que Lula não seria bem-vindo em Israel até pedir desculpas pelos comentários que fez ao comparar a intervenção militar israelense em Gaza ao Holocausto.
Netanyahu disse que os comentários de Lula "banalizaram o Holocausto" e "cruzaram uma linha vermelha".
No pedido de autorização ao Supremo Tribunal Federal para visitar Israel entre 12 e 18 de maio próximo, os advogados de Bolsonaro afirmaram que a viagem proposta não prejudicaria os processos legais em andamento.
O pedido não especifica o evento em que Bolsonaro pretende participar, mas o período proposto coincide com o Dia da Independência de Israel.
"Como é de conhecimento público, parte da atividade política envolve relações internacionais, bem como a ampliação do diálogo com líderes globais", escreveu o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, na rede social X, antigo Twitter.
A assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal informou que o tribunal analisará o pedido, mas não há um prazo para uma decisão.
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