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quarta-feira, 26 de junho de 2024

Assange chega à Austrália: 'precisa de tempo antes de falar', diz esposa

O australiano é agora um "homem livre" após um acordo com a Justiça dos EUA

© Twitter

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O avião com Julian Assange a bordo pousou em Camberra, capital da Austrália, nesta quarta-feira (26). O australiano é agora um "homem livre" após um acordo com a Justiça dos EUA.

Ao deixar a aeronave, ele encontrou a esposa Stella Assange e o pai, John Shipton. Imagens foram publicadas pelo perfil de campanha pela libertação dele nas redes sociais.
Stella pediu privacidade para ele e para a família. Em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira, ela afirmou que a prioridade do marido é se recuperar do tempo na prisão de segurança máxima e da viagem até a Austrália, que durou mais de dois dias.

Expectativa de perdão. Stella também afirmou que mudar a Lei de Espionagem e, eventualmente, aumentar a pressão para que os EUA perdoem Assange devem ser as prioridades da imprensa para evitar que casos como esse voltem a ocorrer.

Esposa de Julian agradeceu ao público da Austrália pela ajuda. Stella Assange afirmou que a união do governo e da oposição em busca da libertação dele foi essencial para a conquista.

Precedente é perigoso, diz advogada. "Embora o acordo de confissão não defina uma decisão, a própria acusação estabelece um precedente que pode ser usado contra o resto da mídia", afirmou Jennifer Robinson, membro da equipe de advogados de Assange.

O fundador do WikiLeaks fez um acordo de admissão de culpa após 14 anos de batalha judicial. Ele havia deixado a prisão no Reino Unido na segunda-feira (24), e passou por um tribunal federal dos EUA nas Ilhas Marianas do Norte, no Pacífico.

"Trabalhando como jornalista, motivei minha fonte a fornecer material confidencial", declarou Assange no tribunal, em referência à soldado americana Chelsea Manning, que vazou as informações.

Relembre as principais etapas dos 14 anos da saga judicial do caso Julian Assange

Assange não poderá viajar aos Estados Unidos sem autorização, informou o Departamento de Justiça em um comunicado. "Com este julgamento, parece que você poderá sair desta sala de audiência como um homem livre", declarou a juíza Ramona V. Manglona.

"Julian quer agradecer muito a todos. Ele gostaria de estar aqui, mas vocês precisam entender pelo que ele passou. Ele precisa de tempo. Peço que nos deem espaço e privacidade para achar o nosso lugar, para deixar a nossa família ser uma família antes de ele falar novamente sobre o assunto, no tempo que ele escolher", disse Stella.

DOCUMENTOS VAZADOS E DECLARAÇÃO DE CULPA

Mais de 700 mil documentos confidenciais vazados. Assange ganhou notoriedade em 2010 após ter vazado relatórios sobre atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos, principalmente no Iraque e no Afeganistão.

Documentos foram publicados em seu site, WikiLeaks, e reproduzidos em parceria com outros veículos tradicionais. O vazamento foi considerado ilegal pelo governo americano. Já os seus defensores alegaram liberdade de imprensa.

A Justiça dos EUA acusou Assange de 18 crimes relacionados a violação da Lei de Espionagem. Ele se declarou culpado de uma única acusação: a de conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais. O acordo firmado levou a uma condenação de 62 meses de prisão, o equivalente ao tempo que já cumpriu na prisão de alta segurança de Belmarsh, no Reino Unido.

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