A justificativa dos israelenses, após análises preliminares, foi a de que houve um "erro de comunicação"
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS0 - Autoridades de Israel admitiram nesta quinta-feira (29) que militares do país dispararam contra um veículo usado para entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, afirmou Robert Wood, vice-embaixador dos Estados Unidos na ONU. Segundo o americano, a justificativa dos israelenses, após análises preliminares, foi a de que houve um "erro de comunicação". Ninguém ficou ferido.
"Pedimos a eles [israelenses] que retifiquem imediatamente os problemas em seu sistema", disse Wood, em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza. "Israel deve não apenas assumir a responsabilidade por seus erros, mas também tomar medidas concretas para garantir que as Forças Armadas não atirem novamente contra o pessoal da ONU."
O veículo alvejado era usado pela equipe do Programa Mundial de Alimentos (PMA), agência ligada à Organização das Nações Unidas e que foi laureada com o Nobel da Paz em 2020. O carro estava em um comboio, que teria sido coordenado com autoridades de Israel, e foi atingido na terça-feira (27) ao se aproximar de um posto de controle militar.
Fotografia divulgada pelo PMA mostra que o carro ficou com várias marcas de tiro nas janelas. O veículo, blindado, tem adesivos com o logo do programa de alimentos e a sigla da ONU em suas laterais.
Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que as pessoas dentro do veículo "foram salvas" pela blindagem. O carro, acrescentou ele, foi atingido por dez tiros.
"Os sistemas estabelecidos para a coordenação [com Israel] não funcionam", disse. "Continuamos trabalhando [com as Forças Armadas israelenses] para garantir que esse tipo de incidente não se repita".
Ao ser questionado se acredita que os tiros foram intencionais, Dujarric cobrou investigações das autoridades israelenses. "Se a informação não foi transmitida, se foi um ato deliberado ou se houve alguma outra razão, são explicações que gostaríamos de receber", afirmou ele.
O PMA suspendeu de forma temporária suas atividades em Gaza após o incidente. A agência reforçou, em comunicado, que o comboio dos veículos havia recebido "múltiplas autorizações das autoridades israelenses para se aproximar" do posto de controle na região Wadi Gaza.
Não é a primeira vez que um comboio da ONU é alvo de tiros desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque da facção palestina em 7 de outubro de 2023.
Em maio, um funcionário da ONU de nacionalidade indiana morreu ao ser atingido por um tiro em seu veículo. Antes, em abril, um ataque aéreo israelense no centro de Gaza matou sete trabalhadores da ONG World Central Kitchen, liderada pelo chef espanhol José Andrés. O veículo foi atingido ao deixar um armazém em Deir al-Balah, onde havia descarregado mais de cem toneladas de alimentos trazidos pelo mar para o território palestino.
Na ocasião, ao lamentar as mortes, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu a princípio afirmou que casos assim "acontecem em tempos de guerra". Mais tarde, as forças de segurança admitiram erro na ação.
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