O ditador Nicolás Maduro foi proclamado reeleito pouco depois do pleito de 28 de julho, mas o resultado é amplamente questionado pela oposição e por líderes regionais
Marcelo Camargo/Agência Brasil |
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou, durante uma reunião ministerial realizada nesta quinta-feira (8), a hipótese de convocar novas eleições na Venezuela como uma solução para a crise instalada no país vizinho.
A menção de Lula a uma possível nova eleição na Venezuela foi inicialmente noticiada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela Folha de S.Paulo.
O ditador Nicolás Maduro foi proclamado reeleito pouco depois do pleito de 28 de julho, mas o resultado é amplamente questionado pela oposição e por líderes regionais. Um grupo de países, inclusive o Brasil, tem pressionado o regime a divulgar atas que comprovariam a lisura do pleito, o que ainda não foi feito.
Segundo relatos de participantes da reunião, Lula afirmou que o resultado das eleições não poderia ser aceito sem a prova de que elas foram limpas. Do contrário, Maduro ou teria que convocar um novo pleito ou seria eternamente chamado de ditador.
Ainda na reunião ministerial, Lula disse que conversaria em breve com os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e da Colômbia, Gustavo Petro, sobre a situação em Caracas -assessores tentaram organizar uma ligação na segunda (12), mas ela não aconteceu.
Os três países têm coordenado uma atuação diplomática conjunta para tentar solucionar a crise da Venezuela. Eles têm o comum o fato de que são chefiados por líderes de esquerda que mantêm interlocução com o chavismo.
Ao Valor Econômico, o assessor internacional de Lula, Celso Amorim, afirmou que apresentou ao presidente a ideia de uma segunda eleição após ouvir outros atores internacionais. Ele também disse Colômbia e México ainda não tinham sido consultados sobre o tema.
Segundo a publicação, Amorim disse que uma proposta do tipo deveria vir acompanhada de contrapartidas, como a retirada de sanções internacionais. Isso permitiria que o novo pleito tivesse mais acompanhamento internacional, de acordo com o assessor.
O regime desconvidou uma missão de observação eleitoral da União Europeia sob a justificativa de que o bloco não tinha levantado sanções contra chavistas. Sem a UE, a principal missão observadora internacional na eleição da Venezuela foi o Carter Center, que concluiu que o pleito realizado em 28 de julho não pode ser considerado democrático.
A hipótese de uma nova eleição na Venezuela é rechaçada pela oposição, que diz ter vencido a disputa contra Maduro por ampla margem.
Em entrevista ao jornal El País, María Corina Machado, a principal liderança opositora na Venezuela, disse que o resultado das eleições de 28 de julho não é negociável.
Sua coalizão afirma ter em sua posse 80% das atas eleitorais, coletadas por observadores seus no dia do pleito, e disponibilizou os documentos em uma plataforma online -a ditadura afirma que as cópias são falsas.
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