Autoridades do país caribenho detiveram neste sábado (14) três cidadãos dos Estados Unidos, dois da Espanha e um da República Tcheca acusados de estarem ligados a um suposto complô contra Maduro. Caracas também disse ter apreendido 400 armas que seriam provenientes de território americano.
Marcelo Camargo/Agência Brasil |
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os dois cidadãos espanhóis presos na Venezuela não têm vínculos com o serviço secreto, e o país europeu não está envolvido em planos para desestabilizar o regime de Nicolás Maduro, diz comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Espanha publicado pelo jornal El País.
Autoridades do país caribenho detiveram neste sábado (14) três cidadãos dos Estados Unidos, dois da Espanha e um da República Tcheca acusados de estarem ligados a um suposto complô contra Maduro. Caracas também disse ter apreendido 400 armas que seriam provenientes de território americano.
"A Espanha desmente e rejeita qualquer insinuação de estar implicada em uma operação política na Venezuela. O Governo constatou que os detidos não fazem parte do CNI nem de qualquer outro organismo estatal. A Espanha defende uma solução democrática e pacífica para a situação na Venezuela", afirma comunicado do ministério publicado pelo jornal espanhol neste domingo (15).
Fontes ligadas ao Ministério das Relações Exteriores espanhol mencionadas pelas agências de notícias Reuters e AFP também corroboram a informação.
A família de Andrés Martínez Adasme, 32, e de José María Basoa, 35, diz que os dois são moradores de Bilbao sem qualquer relação com o serviço secreto, que estavam no país caribenho como turistas –ainda de acordo com a publicação europeia.
O jornal também diz que os familiares haviam pedido ajuda para localizá-los por meio das redes sociais, mencionando que Adasme e Basoa viajaram de Madri para Caracas, capital venezuelana,no dia 17 de agosto e alugaram um carro que deveria ter sido devolvido no dia 5 de setembro. No dia 2 de setembro, teriam feito o último contato.
Segundo informações do jornal El Mundo mencionadas pela agência de notícias AFP, a família de Adasme afirmou que não sabe sob qual acusação ele foi detido, que ele não faz parte do serviço de inteligência espanhol e que "aguarda informações por meio dos canais consulares e das embaixadas".
O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, disse, em uma entrevista coletiva, que os estrangeiros detidos estavam envolvidos em supostos planos para assassinar o presidente venezuelano Nicolás Maduro e outros funcionários.
Os cidadãos espanhóis foram detidos enquanto tiravam fotografias na cidade de Puerto Ayacucho, disse Cabello. O ministro também afirmou que os europeus seriam "parte de um contingente de mercenários do governo espanhol, por meio de sua central de inteligência, para atacar o país".
Além disso, o ministro do interior da Venezuela associou os supostos planos de atacar a Venezuela à líder opositora María Corina Machado e outros dirigentes de oposição.
"Eles contataram mercenários franceses, contataram mercenários da Europa Oriental e estão em uma operação para tentar atacar nosso país", acrescentou Cabello ao exigir explicações de Madri e Washington. Segundo ele, todos os detidos estariam confessando as informações.
Outras detenções anunciadas por Cabello foram de três americanos: Estrella David, Aaron Barren Logan e Wilbert Josep Castañeda –que seria um militar ativo dos Estados Unidos, apontado pelo ministro como chefe do plano.
O Departamento de Estado dos EUA disse no sábado que "qualquer alegação de envolvimento do país em um complô para derrubar Maduro é categoricamente falsa".
O porta-voz do Departamento de Estado também confirmou que um membro das Forças Armadas dos EUA estava detido e disse que há relatos não confirmados de dois outros cidadãos americanos detidos na Venezuela.
As prisões ocorrem em meio a fortes tensões diplomáticas entre a ditadura venezuelana e os governos da Espanha e dos EUA, que exigem a publicação das atas de votação após as denúncias de fraude da oposição, que reivindica a vitória de seu candidato Edmundo González Urrutia. O primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez se encontrou na última quinta (12) com González.
A fala da ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, que chamou o regime de Maduro de ditadura, foi mais um episódio a estremeceu a relação entre os países.
Em resposta, a Venezuela convocou sua embaixadora em Madri para consultas e chamou o embaixador espanhol em Caracas para protestar contra os questionamentos à reeleição de Maduro.
Pedro Sánchez não reconhece a vitória de Maduro, mas também não a do seu adversário. Ele tem insistido, em consonância com a posição da União Europeia, em exigir a publicação das atas eleitorais.
Os Estados Unidos, que reconhecem a vitória da oposição, anunciaram nesta semana sanções contra 16 funcionários venezuelanos, incluindo juízes da Suprema Corte da Venezuela e membros do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), por "fraude eleitoral", aumentando a pressão sobre o país sul-americano. A Venezuela classificou a medida como uma "agressão", e Maduro condecorou quatro militares alvo das sanções em reação a Washington.
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