A vitória se deu mesmo com a presença intensa do ex-presidente Jair Bolsonaro no Rio na última semana, em uma tentativa de garantir vitória no berço do bolsonarismo, apoiando Alexandre Ramagem (PL).
©Tomaz Silva/Agência Brasil |
Ao manter a estratégia de ficar longe da polarização que se esperava para o pleito deste ano em todo o País, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), foi reeleito em primeiro turno ontem. A vitória se deu mesmo com a presença intensa do ex-presidente Jair Bolsonaro no Rio na última semana, em uma tentativa de garantir vitória no berço do bolsonarismo, apoiando Alexandre Ramagem (PL).
Após o resultado das urnas, o prefeito do Rio mandou uma "mensagem para o Brasil": "Chegou a hora de parar com essa polarização. Dá para se unir independente da visão de mundo. Cuidar de um estado tem muito a ver com cuidar de quem precisa. É uma mensagem para o Brasil. Queria agradecer ao presidente Lula, que ajuda a gente no Rio há muito tempo". Lula se manteve neutro na campanha carioca.
Paes dedicou a vitória em primeiro turno ao presidente e fez acenos ao governador Cláudio Castro (PL). No último debate da disputa no Rio, Ramagem fez críticas à atuação de Castro na Segurança Pública. "Governador Cláudio Castro, estamos do seu lado. A partir de hoje, terminam os conflitos", afirmou Paes ontem.
Segundo o prefeito, "não dá mais para continuar politizando tudo no Rio de Janeiro". Em outro ponto do discurso, Paes disse que, apesar de discordar de pontos da gestão do governador, está aberto para trabalhar com ele, assim como faz com o governo federal.
"O governador precisa entender que é dele esse papel (segurança pública)", pontuou. De acordo com o prefeito, Castro "não pode ceder à pressão política" e cita casos em que o governador teria colocado comandantes em batalhões para atender aliados.
PADRINHO
Bolsonaro abraçou a campanha de Ramagem, que cresceu nas pesquisas de intenção de voto e chegou a ameaçar o favoritismo do Paes. O ex-presidente acompanhou a votação no Rio, ao lado do afilhado, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligêcia (Abin) em sua gestão.
Apesar de ter o apoio do presidente Lula, Paes não cedeu a pressões do PT e manteve em como vice um nome de sua confiança e do mesmo partido: Eduardo Cavaliere. Para 2026, um caminho desejado pelo prefeito é se candidatar ao governo do estado do Rio.
Os dois concorrentes representantes do bolsonarismo na capital fluminense, Rodrigo Amorim (União Brasil) e Ramagem (PL), fizeram uma dobradinha contra o atual prefeito no debate promovido pela TV Globo na última quinta-feira. Para atacar Paes, a dupla usou temas recorrentes do grupo liderado pelo ex-presidente, como aborto e liberação de drogas; também insinuou a participação do prefeito em esquemas de corrupção investigados pela Lava Jato.
Paes, por sua vez, voltou a associar o bolsonarista à política de segurança pública de Cláudio Castro (a quem ontem, reitere-se, acenou a bandeira branca): "No dia em que foram divulgados os últimos índices de segurança publica, o senhor estava ao lado do seu padrinho, o governador Cláudio Castro", alfinetou o prefeito agora reeleito.
VOTAÇÃO
Paes votou na manhã de ontem, acompanhado da família e do candidato a vice em São Conrado, na zona sul da cidade. Em entrevista após a votação, o atual chefe do Executivo municipal comentou que estava confiante em uma vitória no primeiro turno.
"Venho mais uma vez agradecer o carinho da população dessa cidade, ao longo de toda essa campanha, de todo esse processo. Espero muito poder vencer hoje, poder dar continuidade ao trabalho que a gente vem fazendo, de muito amor, de muita dedicação. Tenho certeza que a gente pode encerrar hoje essa votação para que o debate político e a politicagem não atrapalhem o nosso esforço de continuar governando o Rio de Janeiro", disse.
Questionado se o nível da campanha no Rio foi melhor do que o da disputa na capital paulista, o prefeito declarou que toda a repercussão negativa sobre a campanha paulista "é ruim para o processo democrático brasileiro".
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