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sábado, 30 de novembro de 2024

Igreja tem Jesus de Inteligência Artificial na Suíça

A edificação do século 18 da capela, construída sobre a sede original do século 12, recebeu computadores e uma tela de alta definição que projeta um Cristo de pele e cabelos claros, aos moldes das pinturas clássicas, entre a grelha do confessionário. A parafernália tecnológica que dá rosto ao filho de Deus custou milhares de euros, de acordo com a emissora pública alemã Deutsche Welle.

© Pixabay

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma inteligência artificial feita à imagem de Jesus Cristo recebeu cerca de 900 confissões de fiéis católicos na Capela de São Pedro, na cidade suíça de Lucerna, durante uma temporada de dois meses. A instalação artística (como define a igreja) chamada de Deus in Machina operou entre 23 de agosto e 20 de outubro.

 

A edificação do século 18 da capela, construída sobre a sede original do século 12, recebeu computadores e uma tela de alta definição que projeta um Cristo de pele e cabelos claros, aos moldes das pinturas clássicas, entre a grelha do confessionário. A parafernália tecnológica que dá rosto ao filho de Deus custou milhares de euros, de acordo com a emissora pública alemã Deutsche Welle.

Os depoimentos ao avatar de Jesus indicam que as dores e dúvidas dos fiéis envolvem, sobretudo, amor, relacionamentos, morte, solidão e paz, de acordo com publicação no Instagram da capela. "O projeto demonstra o quanto a IA pode ser importante para pessoas solitárias atualmente", afirma.

Ao se deparar com a versão digital de Jesus, a pessoa, primeiro, recebe uma explicação mundana, habitual dos serviços tecnológicos. "Nós não divulgamos informações pessoais sob qualquer circunstância. Os riscos de usar esse serviço ficam por sua conta", previne o avatar de Cristo.

A experiência só tem início quando o fiel aperta um botão para indicar concordância com os termos de uso.

O modelo de inteligência artificial foi alimentado com dados sobre a Bíblia e a doutrina cristã para se comunicar de acordo com os princípios da confissão católica. O responsável pelo arranjo foi o teólogo Marco Schmid, que teve auxílio técnico da Universidade de Lucerna.

"O que nós temos aqui é um experimento. Quisemos iniciar um debate ao permitir que as pessoas tivessem uma experiência bem concreta com o Jesus de IA", disse o teólogo à emissora alemã.

Até então, as representações de Cristo estavam em pinturas, esculturas e filmes. A interação com o salvador da fé cristã ficava restrita às orações.

Certas tradições da religião ainda permanecem, mostrou a reportagem da Deutsche Welle ao perguntar ao Cristo digital o motivo de a Igreja Católica não aceitar pregadoras, do sexo feminino, até hoje. A IA respondeu que certas regras são definidas pelas escrituras e por conselhos internos da Igreja. Depois emendou uma pergunta: "O que você faria para garantir uma vida mais harmoniosa e pacífica a todos?"

Para exercer o ofício de receber confissões, o avatar de Cristo tende a dar respostas motivacionais seguidas de indagações, para ajudar o interlocutor a se abrir.

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