A defesa deles afirma que policiais da Rota (tropa de elite da PM, conhecida pela alta letalidade) teriam plantado munições para tentar incriminar a dupla.
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ROGÉRIO PAGNAN E FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Justiça decidiu soltar dois homens apontados pela Polícia Militar de São Paulo como suspeitos de terem participado do ataque a Antônio Vinicius Gritzbach, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), no aeroporto de Guarulhos, em 8 de novembro.
A defesa deles afirma que policiais da Rota (tropa de elite da PM, conhecida pela alta letalidade) teriam plantado munições para tentar incriminar a dupla.
Em audiência de custódia neste sábado (7), a juíza Juliana Pitteli da Guia decidiu que a prisão em flagrante dos dois homens foi ilegal e por isso, ordenou que eles fossem soltos.
Marcos Henrique Soares, 22, e seu tio, Allan Pereira Soares, 44, foram presos na tarde desta sexta-feira (6), em São Paulo por policiais da Rota. Os agentes afirmaram que a dupla estava com munições de fuzil em um carro e em uma moto.
Advogado dos dois, Eduardo Kuntz diz que a munição foi plantada pelos policiais. "Eu não considero [que as munições foram plantadas], estou afirmando que isso aconteceu. Infelizmente, são os fatos", afirmou ele.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) comemorou a prisão em uma postagem no X (ex-Twitter) na sexta. Ele não se manifestou neste sábado sobre a denúncia contra os policiais da Rota feita pelo advogado ou sobre a decisão da Justiça de soltar a dupla. A gestão afirma que a investigação do ataque ao aeroporto segue em andamento.
A ocorrência na qual Allan e Marcos foram presos aconteceu na rua Romualdo de Souza Brito, na Vila Curuçá, zona leste de São Paulo. Câmeras de segurança gravaram parte da ação.
Nas imagens, é possível ver quando agentes da Rota chegaram ao local e mexeram em um veículo que está estacionado em frente a uma casa.
Na sequência, Allan apareceu e se apresentou como dono do carro. Segundo ele, o veículo estava com problemas, e por isso, ficava destrancado.
Os policiais afirmaram então que munições de fuzis estavam dentro do carro e perguntaram a Allan onde estaria Marcos. Na sequência, ele ligou para o sobrinho, que cinco minutos depois chegou no local, de moto.
Sem revistar a moto, os policiais prenderam Allan e Marcos em flagrante pelo porte das munições, que são do mesmo tipo utilizadas na morte de Gritzbah no aeroporto.
Ao chegarem na sede do DHPP (Departamento de Homicídio de Proteção à Pessoa) para onde tio e sobrinho foram levados, os policiais da Rota afirmaram que revistaram a moto no caminho e que acharam munições de fuzil sob o banco.
Na audiência de custódia deste sábado, a juíza afirmou que não há nada que ligue os dois ao crime no aeroporto. Ela destacou que as buscas nos veículos só poderiam acontecer com autorização do proprietário ou com mandado de busca, o que não ocorreu. Para ela, o flagrante foi ilegal e irregular.
Segundo a Folha apurou, a Polícia Civil suspeita que o irmão de Marcos, Matheus Soares Brito, ajudou na fuga de Kauê do Amaral Coelho, 29, identificado como o olheiro que teria dado o sinal aos atiradores de dentro do aeroporto.
Ele já tinha um mandado de prisão expedido e seria alvo de uma operação da Polícia Civil, que acabou atravessada pela ação dos agentes da Rota, que teriam confundido os dois irmãos.
Matheus foi preso na madrugada deste sábado. Kuntz, que também é seu advogado, afirma que ele não tem relação com o ataque no aeroporto.
Matheus deve passar por audiência de custódia neste domingo (8) para analisar a legalidade da prisão.
De acordo com o Kuntz, Marcos é bacharel em direito e aguarda a segunda fase do exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ele trabalha como estagiário em um escritório de direito empresarial.
"Mesmo com uma vida simples e humilde, é o primeiro da família a completar ensino superior."
Questionada, a SSP afirmou que a força-tarefa criada para investigar o crime segue em diligências.
"Entre a tarde de sexta-feira e a madrugada de sábado a polícia deteve três suspeitos de envolvimento no caso, que foram para o DHPP para serem ouvidos. Houve a apreensão de munições e aparelhos de celular, que serão periciados", afirmou a nota.
Segundo a pasta, as investigações seguem sob sigilo. "As corregedorias das duas instituições acompanham as investigações para que todas as medidas pertinentes sejam adotadas, reiterando o compromisso e respeito às leis, à transparência e à imparcialidade", completou a secretaria.
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