A cifra foi divulgada pela ONG Plataforma Decide nesta quinta-feira (26)
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PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Pelo menos 125 pessoas morreram em distúrbios em Moçambique desde esta segunda-feira (23), quando confirmou-se a vitória do candidato governista Daniel Chapo nas eleições presidenciais.
A cifra foi divulgada pela ONG Plataforma Decide nesta quinta-feira (26). Segundo as estimativas da entidade, ela eleva o número de mortes envolvendo os protestos ocorridos desde o pleito de outubro a 252.Ainda de acordo com a organização, 102 pessoas foram detidas pelas forças de segurança até a quarta.
O governo também admite mortes, mas numa dimensão muito menor. Na terça-feira (24), ele havia afirmado que pelo menos 21 pessoas haviam morrido em 24 horas e que outras 24 tinham ficado feridas, 13 delas policiais.
A primeira onda de confrontos no país ocorreu em outubro, logo após o anúncio dos resultados das eleições. A segunda onda estourou na segunda-feira, quando o Conselho Constitucional confirmou a vitória de Daniel Chapo, candidato da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), com 65% dos votos. A Frelimo comanda Moçambique desde que o país obteve sua independência de Portugal, em 1975.
Seu principal adversário, Venâncio Mondlane, que, segundo o Conselho Constitucional obteve 24% dos votos, denunciou fraude eleitoral massiva e advertiu que o país poderia mergulhar no caos se fosse ratificada a permanência no poder da Frelimo. Ele se declarou vencedor do pleito e convocou protestos em seu apoio. Na terça-feira (24), disse, em uma transmissão ao vivo, que estava aberto ao diálogo, "mas apenas com mediação internacional."
Nesta quinta-feira, Mondlane acusou as forças de segurança de permitirem saques e vandalismo como pretexto para declarar estado de emergência e reprimir os protestos. Grupos de direitos humanos dizem que as forças de segurança de Moçambique responderam com força excessiva aos atos, tendo disparado tanto balas de borracha quanto munição real contra as multidões.
Antes, na terça-feira, o ministro do Interior, Pascoal Ronda, havia dito que centenas de edifícios foram saqueados ou vandalizados, incluindo delegacias de polícia, escolas, hospitais, tribunais e residências. "Esses atos representam uma ameaça direta à estabilidade, à segurança pública e aos valores de nossa jovem democracia", disse Ronda na ocasião.
Temendo que as confusões levem a um desabastecimento, moradores de Maputo formaram longas filas nos postos de gasolina na cidade. Mercados locais estavam ficando sem suprimentos e registrando aumento de preços.
Habitantes também estavam cada vez mais preocupados com a ideia de que criminosos começarão a atacar casas, e muitos bairros criaram grupos de vigilantes no WhatsApp.
A agitação política ocorre enquanto o país da África Austral trabalha para se recuperar do ciclone Chido. O número de mortos devido à tempestade subiu para 120 desde que atingiu a costa, há mais de uma semana, segundo o Instituto Nacional de Desastres Naturais do país.
O número quase quadruplicou em relação aos números iniciais relatados, à medida que os socorristas chegam a áreas rurais isoladas. Mais de 450 mil moçambicanos foram afetados pela tragédia.
O caos aprofunda os problemas econômicos de Moçambique, uma nação costeira de 33 milhões de pessoas.
O governo já estava lutando para lidar com o alto desemprego e a pobreza. A insurgência apoiada pelo Estado Islâmico (EI) no norte do país tirou mais de 580 mil pessoas de casa e deixou milhares de mortos desde 2017, de acordo com o Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), além de interromper projetos lucrativos de gás natural.
Parte da nação está petrificada em plena temporada de férias, quando normalmente estaria se movimentando, e várias companhias aéreas cancelaram voos para Maputo.
Os meses de agitação também ameaçaram a estabilidade em toda a região. A África do Sul procurou fortalecer sua fronteira com Moçambique para evitar que a violência se espalhasse.
O chanceler sul-africano, Ronald Lamola, viajou para Moçambique na semana passada para discutir com Ronda maneiras de lidar com as ordens recentes de Pretória de fechar a fronteira entre os países devido aos distúrbios, o que tem afetado o comércio e as cadeias de suprimentos em ambas as nações.
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