Essa medida é colocada em prática caso as garantias -30% a 35% das verbas rescisórias, 10% do FGTS e 100% da multa rescisória- não sejam suficientes para quitar a dívida
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A reportagem teve acesso aos contratos do consignado privado de três instituições financeiras e, em todos eles, há uma cláusula que autoriza o banco a descontar as parcelas do empréstimo diretamente das contas ou aplicações do usuário em caso de inadimplência.
Essa medida é colocada em prática caso as garantias -30% a 35% das verbas rescisórias, 10% do FGTS e 100% da multa rescisória- não sejam suficientes para quitar a dívida.
O novo modelo de consignado privado, que atende trabalhadores inscritos no regime da CLT, tem como principal característica o desconto direto na folha de pagamento.
Em caso de demissão, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), os pagamentos mensais da dívida são suspensos até que o trabalhador tenha um novo emprego. Entretanto, cada banco pode adicionar cláusulas ao contrato para garantir o pagamento de outras maneiras.
No contrato do consignado privado da Caixa Econômica Federal, por exemplo, é dito que o cliente autoriza o banco a descontar o valor da parcela em qualquer conta de sua titularidade, incluindo contas conjuntas, caso o débito não seja descontado da folha de pagamento, o que pode ocorrer em caso de demissão ou falha do empregador.
No Nubank, em caso de vencimento da parcela mensal, o cliente autoriza a instituição a debitar o valor de qualquer conta ou aplicação de sua titularidade, incluindo os eventuais juros.
No Santander, o contrato expressa que o cliente permite o desconto da conta-corrente ou conta-salário. Caso o saldo dessas contas não seja suficiente para pagar a parcela mensal vencida, o banco pode usar o limite da conta, ou seja, o cliente pode entrar no cheque especial.
Procurada pela reportagem, o Nubank informou que o débito é feito apenas em contas e aplicações no próprio banco e que essa é uma prática do mercado. O Santander e a Caixa não responderam até a publicação desta reportagem.
TAXAS ALTAS E VENDA CASADA SÃO RISCOS DO CONSIGNADO CLT
Há mais detalhes aos quais o trabalhador deve se atentar antes de contratar o crédito. Segundo a educadora financeira Cíntia Senna, da Dsop Educação Financeira, a responsabilidade do pagamento é sempre do empregado, mesmo que as parcelas sejam descontadas na folha de pagamento.
"Se a empresa não pagar ou atrasar o pagamento ao banco, o funcionário é quem tem que correr atrás, inclusive pagando eventuais multas pelo atraso", explica.
Para Cíntia, o consignado CLT traz menos vantagens que outras modalidades de crédito. "Empréstimos consignados, em teoria, têm taxas de juros menores, porque têm muitas garantias, então o risco do banco é menor. Mas no privado, estamos vendo taxas de juros altas, de 3% ao mês, o que dá mais de 30% ao ano", afirma.
A taxa média do consignado privado é 3,04% ao mês, maior do que a do empréstimo consignado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), cujo teto aumentou para 1,85% em março de 2025.
Um trabalhador que pega um crédito de R$ 6.000 e escolhe parcelar em 18 vezes, por exemplo, vai ter parcelas de R$ 437,73 descontadas em sua folha de pagamento todo mês, totalizando R$ 7.879,14 ao final. O valor mensal não pode ultrapassar 35% do salário bruto.
A educadora financeira reforça que é preciso reajustar o orçamento familiar para não acabar se endividando mais.
"O valor é descontado todo mês, então o salário fica bem menor. Se a pessoa não adaptar os gastos dela a esse novo salário, daqui a dois ou três meses pode estar precisando de um novo empréstimo, mesmo porque o consignado privado não tem a possibilidade de negociação", afirma.
Outra dica para quem vai contratar o empréstimo é verificar se o banco não está incluindo taxas ou serviços adicionais no consignado privado.
Segundo Cíntia, o valor a ser pago deve ser somente o do empréstimo e do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). "Alguns contratos vêm com o seguro prestamista incluso, isso é uma venda casada. A pessoa pode solicitar o cancelamento do seguro e ficar só com o empréstimo", explica.
GRANDES BANCOS JÁ OFERECEM CONSIGNADO CLT
Grandes bancos brasileiros começaram a oferecer o consignado CLT logo que modalidade foi lançada. A taxa de juros divulgada pelo Banco do Brasil vai de 1,46% a 3%, enquanto a da Caixa varia entre 1,6% e 3,17%.
Bradesco, Itaú, Nubank, BTG Pactual, Sicoob e Agibank são algumas das instituições que oferecem o consignado, mas não informaram a taxa. O Banco Santander confirmou apenas que vai aderir ao empréstimo, sem data de início.
Segundo o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), 35 instituições financeiras já estão fechando contratos do consignado privado.
De início, era esperado que a adesão ao consignado CLT acontecesse após o dia 25 de abril, quando o ministério permitirá que o empréstimo seja feito por meio dos canais e aplicativos próprios de cada banco.
Atualmente, ele só pode ser contratado pela CPTS Digital (Carteira de Trabalho Digital). Quando o trabalhador faz uma simulação através do aplicativo, as instituições analisam seu crédito e apresentam propostas.
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